Presidentes de duas das maiores corporações brasileiras --EBX e Vale--, Eike Batista e Murilo Ferreira defenderam, respectivamente, o investimento sustentável e o combate à pobreza no mundo.
Eles falaram nesta quinta-feira (21) para uma plateia de 500 pessoas durante um fórum sobre sustentabilidade empresarial e governança no Humanidade 2012, evento organizado pela Fiesp e Firjan (federação das indústrias de São Paulo e do Rio de Janeiro) que ocorre paralelo à Rio +20 (conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável), no Rio.
Eike Batista afirmou que os governos não têm capacidade gerencial para projetos de sustentabilidade. O homem mais rico do Brasil tomou por base os investimentos das empresas que compõem a sua holding, a EBX.
Um dos destaques é a Cidade X, projeto urbanístico e de moradia proposto para o entorno do Porto do Açú --megaprojeto de um porto localizado em São João da Barra, no norte fluminense. "Somos catalisadores do conceito de sustentabilidade, o que o Estado não tem capacidade gerencial de atuar nessa área", disse.
O investimento visa compensar os impactos do empreendimento. O bairro planejado, criado pelo urbanista Jaime Lerner, terá capacidade para 270 mil pessoas e ficará a 10 quilômetros do porto.
O empresário deu outros exemplos de ações de sustentabilidade de suas empresas, como o projeto de despoluição da lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio, e disse que a educação é um dos caminhos para fixar o conceito ambiental. "Continuem cobrando de mim como um catalisador das questões socioambientais sustentáveis", disse.
Já o presidente da Vale afirmou que se sente "desassossegado" quando não dão atenção à pobreza. Se referindo às questões tratadas na conferência da ONU, Ferreira disse que os governantes não vão solucionar os problemas ambientais do mundo sem acabar com a pobreza.
"A pobreza deveria estar suprimida, mas continua a violar os direitos humandos. O desafio agora é oferecer posicionamento econômico digno às 1,3 bilhão de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. O hemisfério sul é o hemisfério da mudança e poderá viver em harmonia no futuro", disse.
O presidente da mineradora não quis polemizar sobre a atividade altamente poluente da empresa e deu como exemplo a preservação a floresta no entorno do campo de exploração de Carajás (PA). "A mineração mudou e hoje trabalha com alta tecnologia. Por isso, precisamos de uma economia verde para o mundo de hoje", disse.
(Por Venceslau Borlina Filho, Folha de S. Paulo, 21/06/2012)