A declaração que sintetiza a cobertura da Rio+20 --e talvez a própria cúpula-- saiu em uma das poucas reportagens do "New York Times", que ressaltou na terça-feira a ausência de Barack Obama.
Para William Reilly, que chefiou a delegação americana à Eco-92, "a comunidade internacional vai ter de aprender a jamais realizar uma conferência global durante um ano de eleição presidencial americana".
Obama evitou comparecer, disse a recém-instalada correspondente da CNN no Rio, Shasta Darlington, por causa da campanha. Cedendo ou resistindo às demandas ambientais, perderia voto.
Com audiência decadente nos EUA, a CNN dá atenção ao evento, com reportagens, por exemplo, sobre o apelo aos motéis como alternativa à falta de hotéis no Rio. A líder Fox News mal registra.
Também o canal de notícias da BBC dá atenção à Rio+20, apesar da ausência do premiê Cameron, assim como os jornais britânicos "Guardian", que mantém sua imagem vinculada ao noticiário ambientalista, "Telegraph" e "Financial Times".
Este último publica hoje que os "Brics comandam o espetáculo no Rio, enquanto os ricos se mantêm distantes", anotando que só dois países do G7, França e Itália, enviaram seus líderes à cúpula.
Não à toa, os franceses "Le Monde", "Le Figaro" e o "International Herald Tribune", edição parisiense do "NYT", vêm destacando a Rio+20, com a presença do presidente François Hollande.
O "FT" ouve do chefe da delegação da WWF, Lasse Gustavsson, que "este é o momento que vamos olhar, em dez anos, e dizer que foi quando os emergentes assumiram grande influência no processo internacional". O jornal diz que, "se há um vencedor entre os Brics de uma conferência que, segundo críticos, deve produzir pouco ou nenhum resultado, é o Brasil".
(Por Nelson de Sá, Folha de S. Paulo, 21/06/2012)