Apesar de elogiar o texto final da Rio+20, finalizado na madrugada de hoje (19) pelo Brasil, o negociador-chefe dos Estados Unidos na Rio+20, Todd Stern, destacou o descontentamento de seu país com a manutenção do compromisso de "responsabilidade comum, mas diferenciada", assumido na Eco-92, pelo qual países mais ricos devem arcar com custos maiores para o desenvolvimento sustentável.
"Acho que [o texto] não tem muito senso realístico do que direciona o desenvolvimento", disse Stern, ressaltando que o que levou países hoje considerados emergentes ao sucesso "não veio de fora, mas de seus próprios recursos domésticos".
Segundo Stern, a orientação do texto poderia ter ido além da "assistência tradicional entre países doadores e receptores" e considerado os outros fluxos de investimento, como entre os países do hemisfério sul.
Ele, no entanto, disse que os EUA não pretendem incluir mais nada no texto final. "Até porque não acredito que a liderança brasileira pretenda abrir o documento. Haveria um grande risco. Muitos países têm descontentamentos com partes do texto", disse.
Stern ainda rechaçou a ideia de que os Estados Unidos "bloquearam" a discussão sobre oceanos, deixando os trechos sobre o tema enfraquecidos.
"Não acho que os EUA bloquearam a questão dos oceanos. Fomos uma parte ativa da discussão e estamos bem focados nessa área", disse. O rascunho inicial falava em lançar "o mais rápido possível" um acordo de implementação da Convenção da ONU sobre o direito do mar. O texto atual joga para 2015 uma decisão sobre a criação do instrumento.
(Por Isabel Fleck, Folha Online, 19/06/2012)