Gilberto Carvalho afirmou que Chefes de Estado vão discutir alterações. "Haverá ainda muita discussão em torno desse texto", afirmou.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou nesta terça-feira (19) que o rascunho final da Rio+20 apresentado pelo governo brasileiro deve sofrer modificações após a reunião dos chefes de Estado e Governo dos 193 países participantes da conferência durante o Segmento de Alto Nível, de quarta (20) a sexta (22).
Segundo ele, a crítica de organizações não-governamentais de que o texto avançou pouco deve ser levada em consideração nas próximas reuniões.
“A crítica das entidades da sociedade civil tem que ser levada em consideração. Não vamos dar esse texto por definitivo. Já houve algumas conferências em que a ação dos governantes pôde levar a mudanças. [...] O texto apresentado aqui é um texto base. Haverá ainda muita discussão em torno desse texto. Penso que as críticas são até importantes para contribuir com esse debate”, disse.
O negociador-chefe da delegação brasileira, Luiz Alberto Figueiredo, havia declarado na segunda (18) que o texto acordado pelas delegações não deve ser discutido ou modificado pelos chefes de Estado e governo durante os três dias de segmento de alto nível da conferência.
“Não fica nada para os chefes de Estado debaterem [em relação ao texto]. O documento é para ser fechado antes do início da conferência. Os chefes de Estado vão debater os temas que os chefes de Estado debatem”, afirmou.
Gilberto Carvalho destacou que os governantes não comparecerão à Rio+20 apenas para cumprir “um ritual de passagem”, mas sim para ampliar o debate e negociar avanços nos compromissos firmados no documento final da conferência.
“Quero lembrar que é uma tradição que os chefes de Estado não venham aqui apenas para assinar. Evidente que pode haver mudanças a partir daquilo que é apresentado. Esse é um subsídio básico. O que vai acontecer nos próximos três dias não é um ritual de passagem, mas sim um debate”, afirmou.
O ministro disse ainda que não haverá “fracasso” na Rio+20, mesmo que o texto permaneça o mesmo e seja considerado “pouco ambicioso”. “Não posso enxergar fracasso num documento tão rico como esse, Mesmo que o documento receba críticas. Alerto que as pessoas olhem o processo e não apenas os compromissos assumidos pelos governos no documento”, afirmou, destacando a participação da sociedade civil nos debates da conferência.
De acordo com Gilberto Carvalho, um dos pontos que podem sofrer mudanças é o trecho que trata do fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O texto frustrou as expectativas de países africanos e do G77, formado por 131nações em desenvolvimento, por não transformar o Pnuma em agência das Nações Unidas.
“Acho que pode mudar, sim”, respondeu o ministro ao ser indagado se o trecho do Pnuma poderia ser alterado.
(Por Nathalia Passarinho, G1, 19/06/2012)