Um eventual acordo firmado por empresários para reduzir a emissão de carbono e mitigar os efeitos das mudanças climáticas será mais efetivo do que qualquer documento produzido pela Rio+20. A análise é do ex-consultor da ONU, Caio Koch-Weser, vice-presidente do Deutsche Bank.
Ele foi membro de um grupo de conselheiros do secretário-geral da ONU, Ba Ki-Moon, que propos formas de financiar mudanças na economia para mitigar os impactos do aquecimento global. Poucas das sugestões foram usadas, e Weser afirmou que "nao se pode confiar nas negociações" conduzidas pelo órgão.
"Um número, mesmo que pequeno de aliancas empresariais, seria mais intessante do que um documento da ONU", disse Weser, durante mesa de debates com ambientalistas, empresários e pesquisadores no espaço Humanidades, em Copacabana.
Na análise do economista teuto-brasileiro, empresas poderiam formar alianças para definir metas e formas de financiar projetos pilotos de mitigação dos impactos ambientais. Segundo ele, bancos de desenvolvimento podem influenciar ao usar critérios ambientais na análise de risco.
De acordo com o ex-consultor da ONU, foram investidos no ano passado cerca de US$ 260 bilhões em energia limpa.
Weser usou como exemplo uma parceria que o Deutsche Bank faz com a Siemens e empresas italianas, francesas e países do norte da África para instalação de painéis solares no Saara que atendam a 25% da demanda de energia desses países europeus. Descreveu ainda a China como um dos países que investem em energia limpa e participarão da "terceira revolução industrial".
Ele afirmou que os político estão mais preocupados com a solução da atual crise econômica. Por isso, empresas, bancos de fomento e alguns países devem tomar a dianteira no processo.
O economista ressaltou que a próxima década será crítica para mudança nos padrões de produção e consumo. E esse alteração terá de ocorrer durante cenário de crise e com entreda de três bilhões de pessoas na classe média mundial.
"É muito significativo que nos encontremos na conferência Rio+20 no mesmo momento que a recente crise econômica que a economia global enfrente, e que afasta a atenção dos políticos da crise de longo prazo e mais catastróficoa que vai nos atingir: as mudanças climática. Não podemos confiar nas negociações globais. A ONU tem desapontado muito nos progressos que fez. Temos que construir sistemas diferentes. ", disse ele.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, disse que as empresas têm interesse em reduzir as emissões e propôs um encontro com a Fiesp para tentar definir estratégias.
Ele disse, porém, que o corte não deve ser igual em todos os setores, o que exige estudos ara dividir responsabilidades.
"As indústrias querem reduzir emissões. Mas precisamos saber como cada setor vai reagir. Tem setor que ja fez o seu dever de casa e outros que terão que se adaptar", disse o presidente da Firjan. Por pressão da entidade, o governo do Rio não definiu metas de redução de emissão de gases poluentes.
Para a presidente do conselho do Greenpeace, Ana Toni, falta ousadia aos empresários para mitigar os impactos no ambiente. "Falta vontade política de implementar. Os empresários arriscam tanto na área financeira, por que não fazer isso para reduzir as emissões, na política de meio ambiente?", disse ela.
(Por Italo Nogueira, Folha Online, 16/06/2012)