Porta-voz das Nações Unidas disse que documento segue em negociação. Diplomatas foram divididos em quatro grupos; cúpula entrou em seu 5º dia
A porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU) na Rio+20, Pragati Pascale, disse neste domingo (17) que o rascunho do texto final entregue no sábado aos delegados da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável não está enfraquecido.
A cúpula entrou em seu quinto dia, com negociações ocorrendo desde às 10h. Segundo Pragati, o documento de 50 páginas apresentado aos diplomatas pelo governo brasileiro, que preside as negociações desde o final da reunião do Comitê Preparatório, está consolidado, mais curto, “mas não é fraco”.
“Não diria que o documento está enfraquecido, mas sim consolidado. (...) Esperamos que determinados pontos significativos, como oceanos, tenham um desenvolvimento positivo”, explicou.
Desde a noite de sábado, os delegados foram divididos em quatro grupos de discussão para acelerar o processo de consenso sobre o texto.
Embaixadores e ministros da diplomacia do Brasil lideram os debates sobre o "arcabouço institucional" (que inclui os Princípios do Rio), meios de implementação (financiamento), Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e oceanos.
O novo documento não eleva ao status de agência o Programa das Naçoes Unidas para o Meio Ambiente, o Pnuma, descarta fundo bilionário para países pobres e adia a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Críticas
Os delegados dos quase 200 países presentes criticaram, em reunião fechada, o teor do texto. O G1 teve acesso à fala dos delegados da União Europeia, Estados Unidos, G77-China, Canadá, Suíça, Bolívia, Japão, Quênia e Equador. A maioria deles afirmou que falta “ambição” ao texto e detalhes quanto às ações necessárias para alcançar o desenvolvimento sustentável.
O delegado da União Europeia disse que o bloco “não foi ouvido” nas negociações. “O texto não é suficientemente ambicioso. Temos muito trabalho a ser feito ainda em pouco e precioso tempo”, afirmou o representante da UE na reunião.
O bloco G77+China, do qual o Brasil faz parte ao lado de outros países em desenvolvimento, afirmou que as delegações “terão dificuldade” em demonstrar aos chefes de Estado e governo que assumiram “compromissos importantes”.
Além da reação dos delegados que participam da negociação, membros da sociedade civil também criticaram o rascunho.
(Por Eduardo Carvalho, G1, 17/06/2012)