Coordenadores da Cúpula dos Povos ainda aguardam pedido de desculpas formal da corporação
O ativista moçambicano Jeremias Vunjanhe, que teve sua entrada no Brasil barrada por autoridades da Polícia Federal em São Paulo, deverá retornar ao país na próxima terça-feira (19/01) para participar das duas principais conferências internacionais sobre o meio ambiente que estão sendo realizadas no Rio de Janeiro.
A informação foi confirmada esta manhã pela ambientalista Lúcia Ortiz, uma das coordenadoras da Cúpula dos Povos, que está sendo realizada no Parque do Flamengo. Ele também participará de uma palestra na Rio +20 (Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável).
“Mesmo com a situação aparentemente resolvida, ainda aguardamos explicações e um pedido de desculpas da Polícia Federal”, afirmou Ortiz.
Vunjanhe foi barrado no dia 12 de junho, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Segundo os organizadores da Cúpula, que entraram em contato com ele em Maputo, os policiais o levaram a uma sala, não prestaram esclarecimentos e simplesmente o embarcaram de volta à África.
Desta vez, Vunjanhe, que já está com a passagem comprada, virá diretamente pelo aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Não oficialmente, o Ministério de Relações Exteriores, que acompanha o caso desde a volta do ativista a Moçambique, admitiu que ocorreu um erro da polícia, já que sua documentação não foi devidamente verificada pelos agentes federais. A Polícia Federal é procurada pela reportagem de Opera Mundi desde sexta-feira (15), mas não enviou resposta.
Vunjanhe participará do III Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, onde despejará críticas sobre a atuação da mineradora brasileira em Moçambique. A empresa é acusada de desalojar, segundo a ativista Graça Samo, 40 mil famílias de agricultores de suas terras na região da província de Tete para terras de baixo cultivo.
(Por João Novaes, Opera Mundi, 17/06/2012)