Ao assumir o comando das negociações da Rio+20, no sábado (16), o Brasil submeteu um novo texto à discussão, excluindo diversas questões polêmicas, que estavam travando os debates, especialmente entre países ricos e pobres. Este documento, “limpo”, como foi chamado pelos negociadores brasileiros, gerou reações negativas de ambos os lados.
No início da tarde de domingo, o Brasil já admitia apresentar uma nova versão do documento chamado "O Futuro que Queremos", tentando acomodar as diversas reações provocadas. O objetivo é chegar a um consenso até o final desta segunda-feira (18), dois dias antes da chegada dos chefes de Estado para a cúpula da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre entre os dias 20 e 22, no Rio.
Entre os aspectos mais discutidos, está o princípio das "responsabilidades comuns, porém diferenciadas", que ficou no texto. Por ele, os países ricos devem pagar mais pela transição para o desenvolvimento sustentável (deles e dos mais pobres), por terem alto padrão de desenvolvimento a custas de energias poluentes.
Mas os países desenvolvidos dizem que esta divisão não é mais justa, já que países como Brasil e China possuem as maiores economias do mundo, enquanto a Europa enfrenta uma grave crise econômica.
Outra polêmica diz respeito às fontes de financiamento. O grupo da China+G77 pediu a criação de um fundo de US$ 30 bilhões, mas o Brasil optou por retirar este ponto do texto, atendendo aos países ricos, e deixar para 2014 uma definição.
Até agora, os negociadores garantem avanços Rio+20 na regulamentação sobre oceanos e na criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Na legislação internacioal atual, não fica claro de quem é a responsabilidade pela preservação de recursos naturais e biodiversidade em alto mar. Já os ODS devem ser lançados aqui, mas ainda está em discussão quais serão as metas e prazos.
(Por Mauricio Stycer, UOL, 17/06/2012)