Não é pura coincidência que a Cúpula do G20 se realizará no México os dias 18 e 19 de Junho, dois dias antes da Rio+20. Ambas as cúpulas são certamente acontecimentos muito diferentes, sobretudo em termos de legitimidade, transparência e multilateralismo.
Quando o G20 anunciou que uma das cinco prioridades da agenda para a Cúpula deste ano era o que chamam de “crescimento verde”, começou a se desvelar a ameaça que agora aparentemente se consolida. A presença no México dos presidentes das maiores economias, muitos dos quais não virão ao Rio de Janeiro, complementa as notícias de que as principais decisões a serem adotadas na Rio+20 já chegarão em um pacote pronto e definido pela reunião do G20. Assim, a atual correlação de forças no mundo utilizará mais uma vez o caminho da imposição de sua lógica dominante.
Os movimentos sociais e organizações da sociedade civil, que realizamos neste momento a Cúpula dos Povos no Rio de Janeiro, repudiamos e denunciamos este acionar que reforça não só o sistema econômico que vem promovendo a mercantilização e financeirização da natureza, como que já sem nenhum pudor, impõe o sequestro das democracias do mundo.
As consequências da atitude antidemocrática, predatória e gananciosa dos governos dos países mais desenvolvidos a serviço dos interesses de suas corporações serão com certeza dramáticas para o futuro do planeta e sua população.
Ao contrario, a Cúpula dos Povos reafirma sua luta contra a mercantilização e privatização da Natureza, em favor da Justiça socioambiental, de uma governança global democrática e a defesa dos Bens comuns da Humanidade.
(Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 / Cúpula dos Povos, 17/06/2012)