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diesel emissões veiculares poluição e saúde
2012-06-16

Organização Mundial da Saúde alerta que a queima do combustível é tão perigosa quanto amianto e arsênico

Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) declararam essa semana que a fumaça de escapamento de motores a diesel pode causar câncer em seres humanos e pertence à mesma categoria potencialmente mortal do amianto, arsênico, álcool, tabaco e gás mostarda.

Em um anúncio que provocou preocupação em produtoras de carros e caminhões, a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (Iarc, na sigla em inglês), parte da OMS, reclassificou a fumaça diesel do grupo 2A (provavelmente cancerígeno), para o grupo 1, de substâncias que têm ligações definidas com o câncer.

Os especialistas, que afirmaram ter emitido uma decisão unânime baseada em evidências científicas, aconselharam as pessoas de todo o mundo a reduzir sua exposição à fumaça diesel o máximo possível.                                                                                       

“O grupo de trabalho descobriu que a fumaça diesel é uma das causas do câncer de pulmão e encontrou também uma associação com o risco elevado de câncer de bexiga”, declararam os pesquisadores.

A decisão é resultado de uma reunião de especialistas independentes que avaliaram as evidências científicas mais recentes sobre o potencial cancerígeno da fumaça do diesel e da gasolina.

Problema de saúde pública
Carros a diesel são mais populares na Europa Ocidental, onde benefícios fiscais encorajaram avanços tecnológicos e uma explosão na demanda.

Fora da Europa e da Índia, os motores a diesel ficam quase completamente confinados a veículos comerciais – principalmente devido a maior eficiência desse combustível. Fabricantes de carros alemães estão tentando conscientizar os Estados Unidos sobre o diesel, onde as longas distâncias viajadas em autoestradas favorecem essa mistura.

A Iarc apontou que grandes populações estão expostas à fumaça diesel na vida cotidiana. “As pessoas não estão expostas apenas à fumaça de veículos automotores, mas também à de outros motores diesel (como trens e navios) e de geradores elétricos”, reforçou a instituição.

Christopher Wild, diretor da Iarc, afirmou que nesse cenário a conclusão de terça-feira “envia um forte sinal de que ações sobre a saúde pública estão garantidas”. “Essa ênfase é necessária mundialmente, inclusive entre as populações mais vulneráveis de países em desenvolvimento, onde novas tecnologias e medidas de proteção podem levar muitos anos para serem adotadas”, declarou ele.

O diesel está limpo
A indústria automotiva global argumentou que a fumaça diesel deveria receber uma classificação menor de risco para refletir padrões de emissão mais rigorosos.

Reagindo à decisão, Allen Schaefer, diretor executivo do Diesel Technology Forum, disse que produtores de motores e equipamentos a diesel, refinadoras de combustíveis e produtores de tecnologias de controle de emissões investiram bilhões de dólares pesquisando tecnologias e estratégias para reduzir as emissões.

“As novas tecnologias de motores a diesel, que utilizam combustíveis com quantidades ultra-baixas de enxofre, além de motores e sistemas de controle de emissão avançados, quase não produzem emissões de óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos e material particulado”, declarou ele.

Uma porta-voz da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis disse estar surpresa com a ação e que a indústria “terá que estudar as descobertas em todos os detalhes”.

“Essas tecnologias foram desenvolvidas para eliminar exatamente esse tipo de preocupação”, disse Sigrid de Vries. “A tecnologia diesel mais recente é realmente muito limpa”.

A Iarc afirmou ter considerado avanços tecnológicos recentes que tinham reduzido níveis de partículas e de químicos em fumaças de escapamento, particularmente em economias desenvolvidas, mas disse ainda não estar claro como elas podem se traduzir em efeitos na saúde.

“São necessárias pesquisas sobre essa questão”, ressaltou a Iarc. “Além disso, combustíveis e veículos que já existem sem essas modificações levarão muitos anos para serem substituídos, especialmente em países menos desenvolvidos, onde as medidas reguladoras são atualmente menos exigentes”.

(Por Kate Kelland, Scientific American Brasil, 14/06/2012)


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