Líderes de pelo menos 180 países darão início na manhã desta quarta-feira à programação oficial da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. De hoje até sexta-feira, os negociadores vão se reunir a portas fechadas no Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro, para tentar chegar a um consenso em torno do documento que vai definir quanto cada nação terá de arcar para garantir o desenvolvimento sustentável nas próximas décadas.
A ONU espera que os últimos detalhes das negociações sejam acertados nestes três dias, para que se chegue à assinatura de um documento contendo compromissos concretos para dar prosseguimento aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que expiram em 2015.
No entanto, o secretário geral das Nações Unidas para a Rio+20, Sha Zukang, confirma que o consenso pode não ser atingido até a reunião dos chefes de Estado, marcada para os dias 20, 21 e 22 de junho. "Baseado na história e nas experiências anteriores, as pessoas sempre mostram suas cartas no último minuto", disse Zukang à imprensa na segunda-feira.
A última rodada de negociações, em maio em Nova York, terminou sem evolução nos acordos. Segundo fontes ligadas à ONU, ainda falta se chegar a um consenso em pelo menos 75% dos pontos chave da conferência.
Um dos temas mais controversos é de que os países desenvolvidos precisam contribuir mais que os pobres para garantir o desenvolvimento sustentável. A Europa, os Estados Unidos e o Japão dizem que China, Brasil, Índia, entre outras nações em desenvolvimento, devem assumir mais responsabilidade com a conta da proteção ambiental. Já o G77, grupo que reúne mais de 130 nações emergentes, cobra a manutenção do princípio da diferenciação adotado a partir da Eco 92.
De acordo com o representante da ONU, as ausências dos principais líderes dos países desenvolvidos, como o primeiro-ministro britânico David Cameron, o presidente americano Barack Obama e a chanceler alemã Angela Merkel, não vão dificultar o progresso das negociações. Segundo Zukang, chefes de mais de 130 países já confirmaram presença no evento, que deve levar mais de 50 mil pessoas ao Rio de Janeiro até o dia 22.
Eventos paralelos
Além da reunião do Comitê Preparatório, a partir desta quarta-feira serão realizados diversos eventos paralelos à programação oficial do Riocentro. Um deles é o Encontro Global dos Municípios, que até o dia 22 abordará como "esverdear" a economia urbana. Na lista de atividades também está a primeira reunião mundial de legisladores, que congregará 300 congressistas de 130 países entre sexta-feira e domingo.
A maior programação paralela ficará por conta da Cúpula dos Povos, que a partir de sexta-feira terá manifestações, assembleias, debates, oficinas participativas e atividades culturais que devem reunir cerca de 20 mil participantes ligados a ONGs e movimentos sociais no Aterro do Flamengo. Além desses eventos, está convocada uma conferência de prefeitos do fórum C40, que abarca as maiores cidades do planeta, para analisar, no dia 19, as políticas municipais para o impulso do desenvolvimento sustentável.
Os organizadores da Rio+20 também prepararam três jornadas de diálogos nas quais os responsáveis da maioria dos eventos paralelos vão apresentar suas propostas de desenvolvimento sustentável aos governantes para que as levem em conta antes de assinar o documento final. As jornadas de diálogo, que irão de sábado a terça-feira, vão se concentrar em 10 mesas redondas que precisarão condensar três propostas cada uma.
Rio+20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável ocorre na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 13 a 22 de junho e deverá contribuir para a definição da agenda de discussões e ações sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Assim chamada por marcar os 20 anos da realização da Eco92, a Rio+20 é composta por três momentos. De 13 a 15 de junho, representantes governamentais discutirão os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. Entre 16 e 19, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, vários líderes mundiais estarão ausentes, incluindo o presidente americano Barack Obama. Do lado europeu, ficam de fora a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Para garantir a presença de países africanos e caribenhos, o Itamaraty, o Ministério da Defesa e a Embraer trarão as delegações de 10 deles.
(Terra, 12/06/2012)