A população de Loncopué, em Neuquén, na Argentina, alcançou uma importante vitória nesta semana. Durante um plebiscito vinculante realizado no domingo (3), a população disse não à mineração a céu aberto, impediu o acúmulo de explosivos e a manutenção de um mineroduto nos oito mil hectares de jurisdição de Loncopué.
70% da população apta a votar foi às urnas. Destas, 85% (2.125) disseram não à exploração mineira em grande escala contra 15% (318), comprovando o intenso apoio ao Decreto 1054/12, que impede a exploração mineira na área urbana.
Bastava apenas que 540 votantes apoiassem o Projeto de Iniciativa Popular para que os projetos de megamineração fossem definitivamente removidos e outros impedidos de se instalar na região.
A votação transcorreu com normalidade. O clima só mudou depois da divulgação do resultado do plebiscito. Para comemorar, a população organizou uma festa. Com este resultado, não será permitida a instalação de projetos mineiros na região e será barrado o projeto de exploração de cobre em Campana Mahuida.
"Ganhou o povo, que decidiu eleger seu futuro. E esse futuro diz não à megamineração, diz não às patotas do Governo, diz sim à vida”, comemorou Viviana Vaca, integrante da Assembleia de Vizinhos Autoconvocados de Loncopué (Aval) em entrevista ao veículo de comunicação lavaca.org.
O resultado desagradou o Movimento Popular Neuquino (MPN), que está à frente do governo. Há mais de um ano o MPN tentava impedir a realização do plebiscito. A última cartada foi dada pela Corporação Mineira de Neuquén (Cormine), que representa o governo provincial. O Cormine entrou com um recurso no Tribunal Superior de Justiça (TSJ) da Argentina pedindo o cancelamento do referendo.
Apesar da pressão política contra a realização do pleito, as organizações populares e os povos Mapuche da comunidade de Mellao Morales, principais defensores da iniciativa, saíram vitoriosos na batalha. Quem também apoiou o direito de escolha dos neuquinos foi o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel; a intendente Marita Villone, do (MPN); e os conselheiros kirchneristas Gerald Nisembaum e Carlos Camargo, que decidiram contrariar a orientação do Movimento Popular Neuquino.
A população de Loncopué está fazendo história nas lutas contra a megamineração. As organizações populares locais, em duas outras ocasiões, conseguiram impedir a instalação de mineradoras. A primeira a ser banida foi a canadiense Golden Peaks e a segunda foi a chinesa Metallurgic Construction Corporation (MCC).
(Por Natasha Pitts, Adital, 05/06/2012)