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rio 2012/cúpula da terra crise ecológica crise climática
2012-06-06

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), existem mais de 500 acordos internacionais que tem como foco o desenvolvimento sustentável e o aumento do bem estar humano. Apesar disso, as mudanças necessárias para conduzir o planeta rumo a um futuro sustentável ainda estão distantes de serem uma realidade.

Esta urgência em buscar acelerar as medidas para assegurar a preservação do meio ambiente é a grande mensagem que apresenta o Panorama Ambiental Global 5 (GEO-5, na sigla em inglês), que foi lançado nesta quarta-feira (6) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O recado tem um endereço em especial, todas as autoridades que participarão da Rio+20.

Resultado do trabalho de 300 especialistas ambientais por mais de três anos, o GEO-5 analisa 90 das mais importantes metas traçadas internacionalmente para a sustentabilidade e descobriu que apenas em quatro houve progressos significantes: eliminação e uso de substâncias nocivas à camada de ozônio, remoção do chumbo dos combustíveis, melhorias no acesso à água e incentivos para pesquisas de redução da poluição no ambiente marinho.

“Se a atual tendência continuar, se os padrões atuais de consumo e produção seguirem os mesmos, não haverá como reverter a perda dos recursos naturais e os governos terão que lidar com níveis nunca vistos de prejuízos e degradação”, afirmou Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma.

O GEO-5 pede por um maior foco em políticas que reduzam os grandes motivos por trás das mudanças ambientais, como o crescimento populacional, a urbanização desordenada, padrões de consumo insustentáveis e a matriz energética baseada em combustíveis fósseis.

Apesar de reconhecer que é uma tarefa difícil, o estudo mostra exemplos de práticas bem sucedidas que podem ser multiplicadas e sugere o estabelecimento de metas claras e possíveis como uma das formas de facilitar a missão dos governos.

“O GEO-5 lembra aos líderes mundiais e às nações que se reunirão na Rio+20 porque é preciso buscar a transição para uma economia de baixo carbono, que utilize os recursos de forma eficiente e que ainda gere empregos. As evidências científicas, consolidadas nas últimas décadas, são imensas, e não deixam espaço para dúvidas”, declarou Steiner.

Brasil
O GEO-5 aponta que a região da América Latina e Caribe abriga 23% de todas as florestas do mundo e 31% de seus recursos de água doce; no entanto, ambientes naturais têm sido dizimados, com impactos sobre a biodiversidade.

Segundo o relatório, os maiores problemas são a falta de vontade política, a continuidade processual limitada decorrente de mandatos de curta duração e instrumentos inadequados para garantir a efetiva aplicação da lei.

No que diz respeito ao desmatamento, o documento aponta que o crescimento populacional e padrões insustentáveis de consumo aumentaram a pressão sobre terras para agricultura e extração de matérias-primas, dando margem a devastações em larga escala. Desde a década de 1960, a área ocupada por terras aráveis aumentou 83% na América Latina, coincidindo com um desmatamento expressivo.

Porém, o GEO-5 destaca como um exemplo positivo as políticas do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, que reduziram as nas taxas de desmatamento entre 2004 e 2011 de mais de 25.000 km2 por ano para pouco mais de 5.000.

O relatório identifica três medidas gerais no terreno das políticas que precisariam de um novo enfoque para reverter a degradação de terras: planejamento do uso do solo em múltiplas escalas, agricultura e pecuária sustentáveis e recuperação de áreas degradadas. Por exemplo, a gestão de terras indígenas comunais de comunidades tradicionais da Amazônia boliviana promoveu o bem-estar de populações rurais e indígenas e ajudou a proteger serviços florestais.

Sobre as mudanças climáticas na América Latina, o estudo afirma que embora seja responsável por apenas 12% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, a região já está sofrendo as consequências adversas, como eventos climáticos extremos que estão se tornando cada vez mais frequentes e intensos .

A Amazônia, por exemplo, sofreu duas grandes secas, do tipo que só costumava ocorrer uma vez a cada século, em 2005 e 2010, as quais provocaram uma mortalidade rápida e generalizada de árvores e grandes aumentos das emissões de carbono em regiões que normalmente são sumidouros líquidos de carbono.

As secas aumentam a vulnerabilidade a incêndios florestais, porque tornam as florestas mais inflamáveis e favorecem a propagação do fogo. Segundo simulações realizadas, os efeitos das mudanças climáticas poderão, por si sós, reduzir em um terço o bioma Amazônia até 2100.

O relatório pede por uma gestão ambiental sustentável para florestas e ecossistemas essenciais; redução da vulnerabilidade das populações da região por meio de medidas eficientes de adaptação; eficiência energética e desenvolvimento de novas fontes renováveis de energia; ecoagricultura; e mudanças nos sistemas de transporte, implementadas em bases social e ambientalmente responsáveis e apoiadas por mecanismos financeiros e econômicos.

 “Chegou o momento de colocar de lado a indecisão e reconhecer como um fato essa verdade de que a humanidade deve se unir para o seu bem comum. A Rio+20 é o momento de transformar o desenvolvimento sustentável em um caminho para o progresso e para a prosperidade desta e das próximas gerações”, concluiu Steiner.

(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil, com informações do Pnuma, 06/06/2012)


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