As negociações climáticas que estão sendo realizadas em Bonn, na Alemanha, começam a apresentar o mesmo obstáculo de todas as rodadas anteriores: as diferenças entre países emergentes e desenvolvidos.
Lideradas pelos Estados Unidos, as nações mais ricas querem discutir o novo acordo climático, que deve estar pronto até 2015 para entrar em vigor em 2020. Já o grupo do BASIC - Brasil, África do Sul, Índia e China - deseja que todos os assuntos pendentes do Plano de Ação de Bali, formulado em 2009, sejam resolvidos antes das negociações avançarem para o futuro acordo.
Em uma declaração conjunta, o BASIC informou que as conversas fracassarão se questões importantes forem deixadas de lado e se os países ricos não demonstrarem interesse em operacionalizar suas reduções de emissões de gases do efeito estufa sob a segunda fase do Protocolo de Quioto.
“O fracasso em se alcançar uma resolução satisfatória e a finalização, sem condições mais aprofundadas, do AWG-KP (meio pelo qual os países ricos fornecem suas metas) na COP18 deverão afetar as negociações como um todo e a implementação de um regime para as mudanças climáticas”, afirma a declaração.
O BASIC também manifestou estar “seriamente preocupado” com os desistentes do Protocolo de Quioto, como o Japão e o Canadá.
Enquanto as conversas seguem arrastadas, a secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), Christiana Figueres, alertou que é preciso que a base do novo acordo climático seja firmada ainda neste ano.
“Os países precisam pensar entre agora e a COP 18 [no final de novembro no Qatar] como querem organizar seus trabalhos até 2015, quando o acordo já deverá estar pronto. Minha esperança é que as bases desse tratado sejam finalizadas o mais breve possível”, afirmou Figueres.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil, 17/05/2012)