Legislativo da cidade de Oi aprovou que dois reatores sejam religados
Pouco mais de um ano após um dos maiores acidentes nucleares da história, o Japão aprovou o religamento da primeira de suas 54 unidades de geração de energia atômica. Nesta segunda-feira (14/05), a assembleia da pequena cidade de Oi, no oeste do país, autorizou que dois reatores nucleares que funcionavam na região fossem ativados.
Desde o acidente de Fukushima, o Japão passou a fechar seus reatores e, atualmente, todos as unidades nucleares permanecem desligadas. Enquanto isso, o governo tem buscado a aprovação de suas administrações municipais para retomar a atividade de suas usinas nucleares.
No país, o período de maior demanda por energia elétrica começará em pouco mais de um mês, com o início do verão do hemisfério norte. Com essa decisão, a cidade de Oi se torna a primeira a reativar suas instalações de geração nuclear de eletricidade.
Em nota à imprensa local, autoridades do gabinete do premiê Yoshihiko Noda alegaram que pretendem pedir a empresas e consumidores da região oeste que reduzam voluntariamente o consumo energético em 15% durante o próximo verão. Contudo, segundo o jornal Nikkei, há a possibilidade de o governo determinar um racionamento, que ocorreria na forma de um revezamento de apagões.
Oi está localizada em um grande cinturão de usinas nucleares chamado Ginza, onde estão centralizadas as atividades da companhia Kansai Electric Power. Com a resolução aprovada pelo legislativo da cidade, especula-se que o prefeito sancionará a medida e, assim, defenderá os interesses do governo no processo de recuperação da infra-estrutura atômica nacional.
Ambientalistas se opuseram a essa decisão, considerando-a “prematura”. Em entrevista ao jornal australiano The Australian, Wakao Hanaoka, gerente de campanhas do Greenpeace, o governo "ignora a voz de seu povo, vai contra os alertas de especialistas e prova que os interesses da indústria ainda se sobrepõem à saúde e à segurança das comunidades".
Questionado sobre a dependência do país por fontes nucleares de energia, ele argumenta que "o Japão está sobrevivendo sem energia atômica e pode continuar assim com gerenciamento eficiente de eletricidade e com a liderança do governo”.
Em 2011, reatores da usina de Fukushima sofreram danos graves em decorrência dos efeitos de um abalo sísmico e de um tsunami. Desde então, o governo foi obrigado a impor limites sobre o consumo energético. Técnicos alegam que os equipamentos estão seguros para serem reativados, contudo, a população ainda teme novos acidentes. Em uma recente sondagem, 63% dos entrevistados se opuseram ao religamento da usina de Oi.
A assembleia de Oi justifica sua decisão como uma tentativa de prevenir prejuízos econômicos para a cidade e manter seu volume de empregos. A maioria dos trabalhadores estão empregados no setor nuclear, que foi instalado no local entre 1991 e 1993. Oi possuí potencial para gerar 2400 megawatts de eletricidade.
(Por Fillipe Mauro, Opera Mundi, 14/05/2012)