De acordo com a pesquisa, apesar das preocupações internacionais com a liberação de carbono causada pelo desmatamento na Amazônia, 72% das emissões históricas do país provêm da destruição da Mata Atlântica e do Cerrado
A estimativa dos impactos de mudança no uso da terra geralmente se limita ao conhecimento das condições de uso da terra anteriores, que geralmente é vago e insuficiente para estudos mais compreensivos.
Oferecendo uma alternativa para este problema, cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) lançaram no último sábado (5) uma pesquisa que apresenta pela primeira vez uma reconstrução dos padrões históricos de uso da terra no Brasil entre 1940 e 1995, o que fornece informações detalhadas sobre a origem das emissões de carbono do país.
A análise foi desenvolvida através da fusão de imagens de satélite com dados do censo, e fornece atualizações quinquenais de diversas categorias de uso da terra no Brasil. As emissões de carbono do uso da terra foram calculadas pela sobreposição de mapas de biomassa da vegetação original e de mapas do uso da terra.
De acordo com a análise, entre este período, o país emitiu 17,2 bilhões de toneladas de carbono devido à conversão de florestas e vegetações nativas para a agricultura e a pecuária, um volume 11 vezes maior do que o liberado pela queima de combustíveis fósseis.
E apesar das preocupações internacionais com a liberação de carbono causada pelo desmatamento na Amazônia, 72% das emissões históricas do país provêm da destruição da Mata Atlântica (43%) e do Cerrado (29%); a Amazônia aparece em terceiro, com 25%.
Isso porque, segundo os pesquisadores, apesar de ter uma biomassa muito maior, e, consequentemente, um estoque de carbono maior, a Amazônia foi muito menos degrada do que os outros dois biomas. Para se ter uma ideia, enquanto mais de 90% da Mata Atlântica (1,3 milhão de quilômetros quadrados) foi destruída, na Amazônia esse índice não chega a 20% (720 mil quilômetros quadrados).
Em se tratando de biomassa, a Mata Atlântica, por exemplo, já perdeu 42% de seu estoque de carbono, enquanto a Amazônia perdeu 6%. Isso devido ao fato de que as porções que foram desmatadas tinham densidade de biomassa menor do que as áreas remanescentes.
No total, o estudo calcula que 18% de todo o carbono armazenado originalmente na vegetação brasileira foi emitido; a média global, no entanto, não é muito diferente disso: nos últimos 150 anos, 17,7% da biomassa do planeta foi convertida em emissões.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, com informações do Estado de S. Paulo, 07/05/2012)