As duas semanas de negociações em Nova York sobre o rascunho do documento a ser debatido na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, terminaram sem acordo sobre o texto final.
A única definição ontem, depois de horas de reuniões, foi a convocação de uma nova rodada de negociações informais entre os dias 29 de maio e 2 de junho em Nova York. O objetivo será aproveitar o período entre os encontros das últimas semanas e o próximo para tentar estabelecer um consenso sobre o rascunho.
Segundo o Estado apurou, a tendência é de que o documento não seja ambicioso. O estabelecimento de metas para a área de meio ambiente no Rio+20 está praticamente descartado. Provavelmente, apenas "intenções em direção a um desenvolvimento sustentável" devem ser incluídas no documento, conforme o próprio secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, havia afirmado no dia anterior.
Um dos temores é de que as metas dos milênio, que ainda devem ser cumpridas a apenas três anos do fim do prazo, em 2015, correm o risco de serem ofuscadas pelas do meio ambiente.
As propostas dos negociadores permaneciam distantes ainda ontem, com os debates sendo prorrogados até a noite e entrevistas coletivas, adiadas. Alguns observadores diziam haver falta de foco, com países e organizações adotando diferentes instâncias em áreas como água, energia e alimentação.
Somente havia acordo sobre um quarto do rascunho em negociação nas reuniões na sede das Nações Unidas em Nova York, mas mesmo essa parte não foi especificada. Tampouco um comunicado oficial. "Os países membros estão discutindo sobre como discutir", resumiu um dos participantes.
Antes do anúncio de uma terceira rodada de negociações nos Estados Unidos estava previsto que uma última série de reuniões ocorreria no Rio de Janeiro às vésperas da conferência.
O chamado rascunho zero do documento contava inicialmente com 6 mil páginas, sendo reduzido para apenas 19 nas negociações em março. Com os adendos colocados pelos governos envolvidos, subiu para 200. Esse documento revisado, segundo os organizadores, encontrou 26 áreas de atuação.
Nos EUA, a imprensa está ignorando as negociações do Rio+20 em Nova York. Existe um ceticismo de que o encontro fracasse, como ocorreu com a 15.ª Conferência sobre o Clima (COP-15), na Dinamarca, em 2009.
(Por Gustavo Chacra, O Estado de S. Paulo / IHU On-Line, 05/05/2012)