Um dos principais argumentos ambientais utilizados para questionar a instalação de projetos eólicos é a influência negativa que as turbinas teriam sobre as aves. Agora, um novo estudo publicado na edição de abril do periódico Journal of Applied Ecology, avaliou as populações de aves antes, durante e depois da construção dos projetos eólicos e chegou à conclusão de que os animais não são muito afetados.
Os pesquisadores do British Trust for Ornithology e da Royal Society for the Protection of Birds (RSPB), entidade ambiental fundada em 1889, analisaram 10 espécies de aves em 18 fazendas eólicas no Reino Unido. Eles compararam a densidade e as tendências populacionais durante anos, inclusive antes das fazendas sequer saírem do papel.
“Encontramos poucas evidências de diferenças nas populações entre os locais com projetos eólicos e os pontos intocados de referência. Isto implica que qualquer taxa de mortalidade devido às colisões com as turbinas ou outras mudanças causadas pelas fazendas eólicas não possuem um efeito significativo nas aves”, afirma o estudo.
Porém, os cientistas descobriram que as populações de Red Grouse (Lagopus lagopus scotica), Narceja (Gallinago gallinago) e Numenius declinam durante a fase de construção, e enquanto o Red Grouse se recupera depois, os Numenius e as Narcejas não voltam a ter o mesmo número de indivíduos.
“Nossos resultados para essas populações sugerem que os principais efeitos negativos dos projetos eólicos acontecem durante a construção. Altos níveis de atividade e distúrbios fazem com que as aves se afastem da região sendo trabalhada e muitas acabam não retornando”, salientaram os pesquisadores. “Entretanto, passado esse período de maior atividade, muitas populações se tornam habituadas às operações das usinas eólicas”, completaram.
A RSPB afirmou que defende a construção de fazendas eólicas, mas desde que sejam nos locais apropriados. A entidade questiona 8% dos 2100 projetos eólicos no Reino Unido.
O estudo foi recebido com animação por desenvolvedores de projetos, que vêm há anos tentando minimizar as queixas sobre os impactos negativos da tecnologia para as aves.
“O trabalho mostra que uma vez que as fazendas estão operacionais, elas não afetam a população de aves. Então, podemos estar livres de uma vez por todas do mito de que as turbinas são uma ameaça para esses animais”, afirmou Rob Norris, porta-voz da RenewableUK, a associação da indústria eólica do Reino Unido.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil, 13/04/2012)