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antártida / antártica geleiras impactos mudança climática
2012-04-27

As medições em campo, feitas na espetacular região dos gelos azuis da Antártida, não só demonstram a precisão da missão CryoSat, da Agência Espacial Europeia (ESA), como também mostram que esta parte dos camada de gelo aumentou em altura.

O CryoSat é um satélite artificial desenvolvido pela Agência Espacial Europeia no âmbito do seu programa de Observação da Terra. O seu objetivo é o estudo da camada dos gelos polares e sua evolução, com a finalidade de fornecer informações para os estudos relativos às mudanças climáticas da Terra.

Após o fracasso do lançamento, em 2005, da primeira versão do satélite, a ESA construiu um segundo satélite colocado em órbita em 2010. Ele foi planejado para realizar uma missão com a duração inicial de 3 anos. O principal instrumento do satélite é um radar altimétrico que é o responsável pela medição da espessura da camada de gelo nos polos.

Para garantir que os dados colhidos pelo CryoSat sobre as alterações da espessura do gelo terrestre são precisos, os cientistas são obrigados a realizar um esforço contínuo, por vezes em alguns dos ambientes mais agrestes do Planeta.

Estas expedições foram feitas particularmente num planalto desolado, conhecido como a região do “gelo azul”, nos limites da Antártida. Como o nome sugere, esta região única é uma grande extensão de gelo azul brilhante, desprovido de neve.

É exatamente a ausência de neve, numa superfície estranhamente gelada, que permite que essa região seja a ideal para verificar a precisão do radar altímetro do CryoSat. Por não haver neve nesta parte da Antártida, os sinais do radar emitidos pelo altímetro do CryoSat passam o gelo cintilante e voltam para o satélite. A altura do gelo é então determinada a partir da diferença entre o tempo de emissão e o de recepção do sinal.

Como normalmente o gelo está coberto de neve, o sinal tem de penetrar nesta camada superior antes de atingir o gelo – um fato que poderá influenciar as medições da altura do gelo, feitas pelo CryoSat. As medições feitas na superfície dura e brilhante da região dos gelos azuis são por isso muito importantes para a verificação, por comparação, dos dados do CryoSat.

Se, por um lado, as experiências em campo são concebidas para a validação do aparelho, a análise dos dados de duas expedições, em 2008/09 e 2010/11, mostrou alguns resultados surpreendentes: revelou que nesta parte da Antártida houve um aumento na altura dos gelos de 9 cm, em média, de um período para o outro.

Os cientistas da Universidade Técnica (TU) de Dresde enfrentaram um clima extremo para mapear as subtis mudanças na altura dos gelos, numa área de mais de 2500 km quadrados de gelo. As medições foram feitas no solo, com sofisticados equipamentos de GPS, instalados em carros especiais para rodar na neve.

Cientistas do Instituto Alfred Wegner Institute também fizeram medições a partir de um avião com um instrumento que simula o radar altímetro do CryoSat. Pela análise dos dados recolhidos durante as campanhas e também com o recurso de comparar a série de dados dos últimos 20 anos de medições, os cientistas determinaram as alterações na altura do gelo em três períodos diferentes.

Em 1991–2000, houve uma descida de cerca de 5 cm, uma tendência que se estendeu ao período de 2000–08. No entanto, o terceiro período, em 2008–10 mostra uma subida inesperada.

Reinhard Dietrick da TU Dresden disse, “Este interessante resultado, que mostra um retrocesso na altura, foi possível graças às expedições anteriores ao lançamento do CryoSat, em 2010. É claro que os resultados são preliminares, mas conhecendo este processo de inversão, será muito importante verificar se o aumento na altura permanecerá no futuro”.

Na outra ponta do Planeta, há outra expedição dedicada ao CryoSat que se inicia este mês. Equipos da ESA, NASA, Europa e Canadá agora estão cobrindo o Ártico Superior para medir o gelo, no solo e no ar, enquanto o CryoSat registra os dados desde a sua órbita.

Lançado há quase dois anos, o CryoSat é um satélite dedicado ao monitoramento das alterações na espessura dos gelos marinhos que flutuam nos oceanos polares e das variações na espessura das vastas extensões de gelo que cobrem a Groenlândia e a Antártida para melhorar a nossa compreensão das relações entre o gelo e o clima.

(Por Erik Von Farfan, ECO 21, abril de 2012)


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