A Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês) teve sua criação aprovada no sábado (21/04), na Cidade do Panamá, depois de vários anos de intensas discussões internacionais.
O IPBES é um painel intergovernamental que terá a função de fazer com que o conhecimento científico acumulado sobre biodiversidade seja sistematizado para dar subsídios a decisões políticas em nível internacional. A cidade de Bonn (Alemanha) foi escolhida para sediar o secretariado do IPBES.
O novo órgão teve sua implantação definida em junho de 2010 em uma reunião em Busan (Coreia do Sul) e sua criação foi ratificada em outubro de 2010, durante a 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP10), realizada em Nagoia (Japão) e posteriormente referendada na Reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Em outubro de 2011, a primeira sessão plenária IPBES foi realizada em Nairóbi (Quênia), na sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
De acordo com o coordenador do encontro no Panamá, Robert Watson, que é conselheiro científico do Departamento para o Meio Ambiente, Alimentos e Negócios Rurais do Reino Unido, embora várias organizações e iniciativas contribuam para melhorar o diálogo entre gestores e comunidade científica no campo da biodiversidade, o IPBES se estabelecerá como uma nova plataforma, reconhecida tanto por cientistas como por gestores, a fim de enfrentar as lacunas existentes e fortalecer a interface entre ciência e poder público em relação aos serviços ecológicos.
“Hoje, a biodiversidade venceu. Mais de 90 governos estabeleceram com sucesso a interface entre a ciência e a política pública para todos os países. A biodiversidade e os serviços ecológicos são essenciais para o bem-estar da humanidade. Essa plataforma irá gerar conhecimento e nos dará capacidade de protegê-los para as gerações futuras”, afirmou Watson.
A plataforma foi aprovada por 91 países que participaram da reunião. Apenas Bolívia, Egito e Venezuela deixaram de assinar o acordo. Segundo Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a criação do IPBES algumas semanas antes da Conferência Rio+20 é um forte sinal de que há um progresso significativo no que diz respeito à conservação da biodiversidade.
“Espero que esse órgão permita que a biodiversidade seja levada em conta nas estratégias de desenvolvimento sustentável, assim como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, tem feito nos últimos 20 anos em relação às alterações do clima. A perda de biodiversidade é um indicador importante das mudanças que estão afetando o planeta”, afirmou.
Segundo o documento assinado no Panamá, as funções centrais do IPBES consistirão em: identificar e priorizar informação científica necessária para as políticas públicas e para catalisar esforços na geração de novo conhecimento; realizar avaliações regulares do conhecimento sobre a biodiversidade e os serviços ecológicos e suas interligações; apoiar a formulação e a implementação de políticas ao identificar ferramentas e metodologias relevantes; e priorizar a capacitação para o aprimoramento da interface entre ciência e política e fornecer financiamento e apoio para as necessidades de alta prioridade ligadas a suas atividades imediatas.
Mais informações: www.ipbes.net
(Agência Fapesp, 24/04/2012)