Desde os anos 1970 os cientistas sabem que o metano, gás do efeito estufa (GEE) que absorve 20 vezes mais calor do que o CO2, é uma substância comum nas geleiras do Ártico e em suas águas, que por serem muito frias acabam armazenando o gás em sua superfície.
Mas uma nova pesquisa, publicada no último domingo (22) na revista Nature Geoscience, revelou que muito desse metano está sendo emitido na atmosfera, o que poderia contribuir drasticamente para o aquecimento global.
O estudo foi desenvolvido através da análise de taxas de metano no ar entre 2009 e 2010, como parte de um projeto para mapear os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera.
O que os cientistas descobriram é que há grandes concentrações de metano por toda a superfície atmosférica do Ártico, principalmente em regiões onde há quebra ou derretimento de camadas de gelo. Isso se justifica pelo fato de que, como o metano está armazenado na superfície das águas, ele é liberado à menor movimentação que ocorre nestas águas.
“Sugerimos que as águas superficiais do Oceano Ártico representam uma fonte potencialmente importante de metano, que pode ser sensível a mudanças na cobertura de gelo marinho”, afirmou o estudo. No entanto, os pesquisadores ainda não sabem explicar ao certo o que faz com que a água produza tanto metano.
Uma das hipóteses é que este metano seria gerado por bactérias que tentam sobreviver em águas que não tem muitos nutrientes em forma de nitratos. “Essa fonte parece ser uma candidata provável para explicar o que observamos”, comentou Eric Kort, do Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena, na Califórnia.
O que é ainda mais incerto é o impacto que estas emissões de metano poderão ter para o aquecimento global. “Pode ser pequeno ou pode ser outro problema sério”, concluiu Euan Nisbet, da Universidade de Londres.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, 24/04/2012)