No último domingo (8), o governo chinês declarou que estabeleceu um órgão que ficará responsável por fiscalizar questões ambientais e econômicas das terras-raras, grupo de elementos químicos largamente utilizados na indústria de aparelhos eletrônicos e em tecnologias renováveis, como solar, eólica e baterias híbridas.
O país declarou que a organização será formada por 155 membros, incluindo 13 grandes empresas chinesas do ramo como a Aluminum Corporation, a Baotou Steel Rare Earth, a China Minmetals e a Rising Nonferrous. O grupo será presidido por Gan Yong, da Academia Chinesa de Engenharia e presidente da Sociedade Chinesa de Terras-Raras, e se reportará ao Ministério da Indústria e Tecnologia.
De acordo com Su Bo, vice-ministro da Indústria e Tecnologia da China, a associação tem como objetivo “promover o desenvolvimento sustentável do setor”, trabalhando também em um novo mecanismo de precificação para essa indústria e liderando esforços para facilitar as transações comerciais.
“A China continuará a colocar em ordem a indústria de terras-raras, a expandir os controles ambientais de terras-raras, a fortalecer o monitoramento ambiental e a implementar políticas ambientais mais rígidas sobre terras-raras”, comentou Su Bo.
No entanto, os parceiros comerciais da China, como os EUA, o Japão e a União Europeia, acreditam que a criação do órgão não ajudará a resolver as atuais disputas comerciais desses países com a China a respeito das terras-raras.
Os atritos surgiram depois que o governo chinês anunciou no ano passado que imporia tarifas de exportação mais altas para as terras-raras, iniciativa que foi muito criticada pelo mercado internacional, já que a China detém mais 90% das exportações de terras-raras no mundo.
Os parceiros comerciais do país alegam que a China está tomando tais medidas para beneficiar seu mercado interno em relação ao cenário internacional, vendendo as terras-raras mais barato para as empresas chinesas.
Entretanto, a China justifica que a ação tem como objetivo apenas controlar os problemas ambientais causados pela extração desses minerais e preservar suas reservas de uma possível sobreexploração.
Além disso, o governo chinês afirma que o país possui apenas um terço das reservas de terras-raras do mundo, e que as nações também poderiam explorar as outras reservas que existem. “Muitos países no mundo têm reservas de terras-raras – você não pode se apoiar apenas na China para fornecer toda a demanda”, observou Gan Yong.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, 10/04/2012)