A população do departamento de Cajamarca, no Peru, retomou nesta semana as manifestações contra o projeto mineiro Conga, da empresa Yanacocha, que visa extrair ouro e cobre da região. Ontem (9), a Frente de Defesa Ambiental e Regional de Cajamarca, constituída por organizações sociais, políticas e indígenas, realizou um protesto. Para amanhã (11), está programada um greve regional.
Desde o último domingo (7), contingentes de policiais e militares já se deslocavam para as províncias de Bambamarca e Celendín, norte de Cajamarca, como medida de segurança. Mais de 500 homens se instalaram em cada província para garantir que a apresentação da perícia do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto Conga fosse tranquila. A expectativa é de que o resultado da perícia seja entregue ao Governo ainda nesta semana.
O trabalho de avaliação do EIA, aprovado pelo então presidente peruano Alan García, foi realizado pelos espanhois Rafael Fernández e Luis López García, e pelo português José Carvalho, a pedido do governo de Ollanta Humala. O objetivo foi analisar a validade do Estudo de Impacto Ambiental e as reais consequências do projeto Conga no departamento de Cajamarca e em sua população.
Para amanhã está prevista uma nova ação. Será realizada uma greve regional contra a militarização ordenada pela mineira Yanacocha. A concentração começa às 8h30 na Pracinha Bolognesi, local onde teve início a luta contra as empresas mineradoras irresponsáveis e destruidoras do meio ambiente. Todas as organizações integrantes da Frente de Defesa Ambiental de Cajamarca estão convocadas a participar.
Em pronunciamento, além de convocar a população a participar das ações contra Conga e pedir resistência popular pela defesa dos direitos de todos/as e do meio ambiente, a Frente de Defesa criticou a subserviência de Ollanta Humala e do primeiro ministro Oscar Valdés ao aceitar as exigências da Mineira Yanacocha de militarizar as províncias de Cajamarca, Celendín e Bambamarca para "amedrontar e silenciar” os protestos pacíficos e abrir caminho para o Projeto Conga.
A Frente de Defesa também criticou a falta de atitude da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP) e da Confederação Campesina do Peru (CCP).
"Chama a atenção que a CGTP, CCP, antes centrais defensoras dos direitos humanos dos trabalhadores do campo e da cidade, hoje permaneçam em um silêncio cúmplice com o atual governo, que viola os direitos humanos mais elementares consagrados na Constituição e não emitam nenhum pronunciamento sobre este processo de militarização em Cajamarca”, criticam.
As mobilizações populares em defesa das lagoas altoandinas - que podem ser destruídas em virtude do projeto Conga -, em defesa das zonas úmidas e dos mananciais altandinos terão continuidade de forma pacífica e organizada nos bairros, comunidades, distritos e nas ruas.
Desde já, as organizações sociais, ambientais e políticas que lutam contra o mineiro responsabilizam o Governo de Humala, o ministro Oscar Valdés e o Congresso da República por tudo que possa acontecer no marco da greve regional de amanhã, tendo em vista que todas as ações dos policiais e militares são ordenadas por quem está no poder.
(Por Natasha Pitts, Adital, 10/04/2012)