Enquanto esperam o mês de julho, quando o governo japonês anunciará os preços das novas tarifas feed-in para a energia solar, empresas e bancos do Japão apostam em grandes projetos solares. Recentemente, duas parcerias, entre a fabricante solar Kyocera, a gigante de engenharia IHI Corporation e o banco Mizuho Corporate Bank e entre a companhia de eletricidade Hokkaido Electric e a firma de internet e telecomunicações Softbank, revelaram seus planos de criar os dois maiores projetos solares do país.
O projeto da Kyocera, da IHI e do Mizuho Corporate Bank visa à construção de uma fazenda solar de 70 megawatt (MW) na cidade japonesa de Kagoshima, no sul do país. O acordo entre as três empresas prevê o fornecimento dos módulos solares pela Kyocera, enquanto a IHI forneceria o terreno e o banco desenvolveria o plano financeiro do projeto.
A usina deve cobrir uma área de 1,27 milhões de metros quadrados, o equivalente a cerca de 127 campos de futebol, e deve ter 290 mil painéis solares. Isso geraria 79 mil megawatt-hora (MWh) de eletricidade por ano, o necessário para alimentar aproximadamente 22 mil residências, e reduziria as emissões de carbono do país em 25 mil toneladas. O projeto está avaliado em US$ 309 milhões, e a construção deve começar em julho.
Já o plano da Hokkaido Electric e da Softbank tem como objetivo a criação de um projeto de 200 MW na região de Hokkaido, no norte do Japão. Com essa extensão, o projeto seria o maior do país. Para se ter uma ideia, a maior fazenda solar japonesa atualmente é a de Kawasaki, com 13 MW.
De acordo com o Japan Times, os detalhes do projeto desta parceria serão definidos assim que o governo japonês estabelecer os preços das tarifas feed-in. Se o valor ficar abaixo de US$ 0,49, a companhia de eletricidade e o banco podem considerar reduzir o tamanho do projeto.
Abandono da energia nuclear
O planejamento destes dois projetos solares, junto com muitos outros, faz parte de um processo de abandono da energia nuclear no Japão, iniciado depois do acidente ocorrido na usina atômica de Fukushima no dia 11 de março de 2011, causado por um terremoto e um tsunami.
Após o desastre, os 54 reatores nucleares do país, que a cada 13 meses são desligados para passarem por inspeções de segurança, não foram reativados, e os que não foram encerrados para avaliações foram aos poucos sendo desativados.
No final de março, o reator número seis do complexo nuclear de Kashiwazaki-Kariwa foi fechado, tornando-se o penúltimo a ser desligado no país. O único que ainda permanece em funcionamento, na ilha de Hokkaido, deve ser paralisado em maio, tornando o Japão um país livre de energia atômica.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, 10/04/2012)