Consideramos um desrespeito, como leitores do jornal e como ambientalistas atuantes no setor, nos depararmos com uma matéria tão absurda e parcial como a que presenciamos na Folha de SP de quinta feira, dia 29 de março de 2012.
Na citada matéria, o diretor mundial de uma empresa poderosa [Monsanto], como única fonte ouvida, afirma que as organizações que atuam no campo da agroecologia hoje já não combatem os sistemas (compostos por sementes transgênicas e fortes agrotóxicos) comercializados por ela, reconhecendo que é preciso abrir espaço de diálogo em função do cenário atual, em que água e desmatamentos são pontos problemáticos para a garantia de alimentos a todos.
Nós, integrantes da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, bem como as pessoas e as organizações que trabalham diariamente para que as grandes multinacionais como a referida empresa não destruam a possibilidade de termos um mínimo equilíbrio socioambiental no país, solicitamos o direito de sermos ouvidos e de ressaltar nosso profundo repúdio às declarações falaciosas do senhor Hugh Grant.
Por mais que tente cooptar o movimento socioambientalista, patrocinando supostos “eventos voltados para a promoção da ecologia” e gastando uma fortuna com propaganda e com advogados para processar quem ousa questionar seus produtos, a tal empresa não conseguirá jamais impedir que constatemos que baseia-se num sistema que visa exclusivamente seu próprio lucro e concentração de poder, impondo um ônus terrível aos trabalhadores, à sociedade como um todo e à própria composição biológica do planeta.
Inúmeras pesquisas e fatos demostram que, além de gerar impactos negativos e perigosos nos locais em que são usadas, as sementes transgênicas da empresa, associadas aos venenos que também produz e comercializa, possuem uma produtividade menor do que a alcançada pela produção agroecológica.
Abaixo há uma lista de fontes de informação para comprovar o que nós afirmamos acima, é somente uma pequena amostra (dentro de um conjunto incrivelmente vasto e de origens confiáveis e diversificadas) de matérias existentes sobre o assunto. Não aos organismos geneticamente modificados, eles são desnecessários e extremamente perigosos!
Att. Comitê Paulista da Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida / site: www.contraosagrotoxicos.org
* Em 23/3 a Folha foi o primeiro grande veículo de mídia do Brasil a publicar uma notícia negativa em relação à Monsanto – http://pratoslimpos.org.br/?p=3939
*Um milhão pedem rotulagem de transgênicos nos EUA, notícia que comprova que os transgênicos não são consenso nos Estados Unidos Via Genet News, com informações de: Group wants lables on GM foods, The Boston Globe, 27/03/2012 Consumer groups demand GMO labeling, Thomson Reuters, 27/03/2012
* O Peru acaba de determinar que os transgênicos estão banidos do país por 10 anos – http://www.occupymonsanto360.org/2012/03/10/peru-passes-monumental-ten-year-ban-on-genetically-engineered-foods/#.T2-zl9eovBQ.facebook
* Apicultores pedem banimento de milho transgênico na Polônia Via GMWatch, com informações de: Digital Journal Reports, 27/03/2012 e http://festiwalstopgmo.pl/index.php/321-marsz-pszczelarzy * Existe um movimento internacional contra a empresa chamado Occupy Monsanto http://www.occupymonsanto360.org/
* Existem dezenas de estudos relatando malefícios do glifosato, princípio ativo do RoundReady, principal agrotóxico da Monsanto. Os mais recente são esses: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0887233311003341, http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/03/agrotoxico-da-monsanto-causa-morte-de.html
* Existem evidências de que o glifosato polui inclusive as águas subterrâneas http://pratoslimpos.org.br/?p=3728#.T2IzbgNXpHc.facebook
* O argumento de que é preciso usar agrotóxicos e transgênicos para resolver a fome do mundo está sendo contestado – http://naturalsociety.com/gmo-crops-proven-to-be-ineffective-at-fighting-world-hunger/
* Na França a empresa foi culpada pelo envenenamento de um agricultor, fato que abre jurisprudência para milhares de outras ações. http://pratoslimpos.org.br/?p=3803. E o governo francês pediu à UE em 21/2 suspensão da autorização para o milho transgênico MON810 para toda a Comunidade Europeia.
*Milho transgênico rende 93% menos que o convencional em Santa Catarina www.cnpms.embrapa.br/milhotrans/painelII4.pdf
(Em pratos limpos, 03/04/2012)