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hidrelétrica três gargantas rio yang-tsé política ambiental china
2012-04-03 | Rodrigo

Na última quinta-feira (29), a Três Gargantas Corp. da China marcou o início da construção de uma barragem que inundará as últimas porções livres do meio do Yangtze, o rio mais longo do país.

A barragem Xiaonanhai, de 30 bilhões de Yuan (US$ 4,75 bilhões), é denunciada por ambientalistas porque inundará uma reserva natural criada para proteger cerca de 40 espécies de peixes de rio.

A conclusão da barragem transformaria a seção média do Yangtze em uma série de reservatórios, não deixando “nenhum espaço para peixes”, disse o ambientalista Ma Jun, que tem agido por mais de dois anos na tentativa de impedir a barragem.

“Essa é a última, a última seção em dois mil quilômetros ao longo do Yangtze que foi mantida para espécies de peixes locais ameaçados. Esse seria seu último habitat”, falou Ma à Reuters.

Uma cerimônia foi realizada para começar a fase inicial de preparação, incluindo a construção de uma estrada e o estabelecimento de linhas de energia e tubulações de água, afirmou Zhu Guangming, diretor do departamento de notícias da Três Gargantas Corp.

“A construção da barragem em si começará apenas depois que conseguirmos a aprovação final”, declarou Zhu, negando-se a dar estimativas de custo. “O governo dará a consideração devida a todos os aspectos, incluindo o impacto ambiental, antes de emitir uma permissão.”

A barragem de Xiaonanhai seria a última de uma série de 12 barragens ao longo do Yangtze, que estão todas completas ou em construção.

A série se estenderá para o interior a partir da barragem das Três Gargantas, que criou um reservatório no interior com mais de 600 quilômetros de comprimento, o que permitiu que a cidade de Chomgqing se desenvolvesse como um porto interior.

Quando completa, a barragem de Xiaonanhai estará projetada para produzir 1,76 gigawatts, uma parte dos 22,5 GW que a Barragem das Três Gargantas produzirá quando atingir sua capacidade total.

Esperando aprovação final
A aprovação preliminar para a barragem foi emitida pela Comissão Nacional para Desenvolvimento e Reforma, a principal agência de planejamento da China, que também tem a autoridade de emitir a aprovação final.

As fronteiras da reserva natural foram anteriormente redesenhadas para permitir a construção das barragens Xiangjiaba e Xiluodu, ainda maiores.

De acordo com a ONG Rios Internacionais, que se opõe à construção de grandes barragens hídricas e tem sido crítica em relação aos planos hidrelétricos ambiciosos da China, a barragem de Xiangjiaba terá 6,4 GW e a barragem de Xiluodu, 13,86 GW.

A China quer aumentar sua capacidade energética instalada de 470 GW para 1,437 GW até 2015 – a maior do mundo. Ao menos 110 gigawatts da nova capacidade serão de energia hidrelétrica – o equivalente a cinco projetos hidrelétricos de Três Gargantas. A atual capacidade hidrelétrica é de 216 GW, também a maior do mundo.

A Barragem das Três Gargantas é o maior projeto de energia do mundo e era controverso muito antes do início de sua construção, em 1994.

As objeções iam desde a destruição de espécies raras à inundação de cidades históricas e do deslocamento de milhões de pessoas a preocupações de que ela assorearia rapidamente e perderia sua eficiência na geração de energia. A barragem produz cerca de 2% da energia da China.

Auditorias subsequentes do projeto Três Gargantas mostraram que muitas comunidades inundadas nunca foram propriamente reassentadas, enquanto os bancos íngremes do reservatório foram assolados por perigosos deslizamentos de terras à medida que a água atingia as encostas.

Em janeiro, o Ministério do Meio Ambiente da China disse a desenvolvedores de energia hidrelétrica que eles deveriam “colocar a ecologia em primeiro lugar” e dar atenção ao impacto de seus projetos em rios e comunidades locais.

(Por Lucy Hornby e Jim Bai, com tradução de Jéssica Lipinski, Reuters* / Instituto CarbonoBrasil, 03/04/2012)

* Leia o original (inglês).


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