A cada dois segundos, uma área do tamanho de um campo de futebol é desmatada por madeireiros fora da lei. A atividade gera entre US$10 e $15 bilhões em lucros ilegais em todo o mundo. A maior parte desse dinheiro é controlada por grandes organizações criminosas, que escapam de impostos e subornan funcionários públicos corruptos.
Para acabar com esse esquema ilegal de extração de madeira, o Banco Mundial publicou no dia 21 de março um relatório propondo mais e melhores esforços da Justiça Criminal, focadas em grandes redes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvidas com o desmatamento.
Chamado “Justiça para as Florestas”, o texto defende mudanças na forma de combate a esse crime ambiental, que hoje se dá de forma preventiva e concentrada nos criminosos de “baixo nível, que muitas vezes se dedicam ao crime para escapar da pobreza”.
Já que esse modelo se provou ineficiente, o Banco Mundial propõe que a justiça dê mais atenção aos grandes e poderosos envolvidos no esquema, como empresas que pagam propinas para obter a madeira ilegal. As estratégias para achar os criminosos devem incluir o combate à lavagem de dinheiro, por exemplo, e promover investigações sistemáticas, processos e confisco de produtos ilegais.
Segundo o relatório, uma possível chave da investigação bem sucedida sobre a extração ilegal e das correspondentes atividades de lavagem de dinheiro é uma cooperação de instituições financeiras e outras entidades que podem dar conta de dados de transações fraudulentas.
Nossa reportagem “Parece mas não é” mostrou que mesmo o grande rigor no rastreamento e comercialização da madeira que existe hoje não garante produtos dentro da lei tenham origem comprovada. A ilegalidade se apropriou do sistema criado por órgãos de fiscalização para nos convencer de que essa madeira sem exploração autorizada é legal. É o que se chama de “esquentar” a madeira.
(Página 22, 21/03/2012)