Pesquisadores da Agência Espacial Americana, a Nasa, identificaram a diminuição da capacidade da Floresta Amazônica de absorver o Dióxido de Carbono (gás carbônico). A atividade é considerada válvula propulsora para a diminuição do efeito estufa, causador aquecimento global.
A constatação foi apresentada pela pesquisadora Erika Podest, que ministrou palestra sobre estudo ambiental realizado a partir de imagens de satélites da Nasa e falou com exclusividade à reportagem de A CRÍTICA. “Esse fenômeno de grandes secas e bastante mudança no ciclo das chuvas pode se estender ainda mais”, alerta a especialista, lembrando que o sul da Amazônia é a região mais afetada por essas anomalias.
A palestra da especialista abordou os diversos aspectos do ambiente terrestre que a Nasa consegue medir através de seus satélites a partir de uma perspectiva global e voltou seu olhar para a Amazônia, focando nas anomalias que os satélites encontraram relacionadas ao ciclo da chuva e suas consequências para a vegetação.
“Em 2005 e em 2010 houve muito menos precipitação (chuva) do que o normal. O que as imagens de satélites mostravam é que grande parte da Amazônia, especialmente onde tinha menos chuva, tinha menos vegetação. Ou seja, a vegetação está morrendo ou produzindo menos folhas do que costumava produzir. Esse fato é determinante para entendermos as mudanças climáticas na Amazônia, já que estamos forçando ao limite a vegetação”, explicou.
O evento promovido pelo Projeto Planeta Sustentável, da Editora Abril, aconteceu sobre as águas do Rio Negro, a bordo do navio Ibero Star, durante o todo o final de semana, reunindo cientistas, ambientalistas, empresários e jornalistas de todo o Brasil e parte do mundo.
Elogio
Em segunda viagem ao País, a pesquisadora panamenha confessou nunca antes ter pisado no solo amazônico. Tal experiência, segundo suas próprias palavras, a deixou “maravilhada”. “Já havia estado no Brasil, mas nunca na Amazônia. Confesso que fiquei maravilhada. É muito diferente do que ver as imagens de satélite”, afirmou a cientista.
Erika elogiou ainda a iniciativa do Planeta Sustentável em trazer a discussão sobre sustentabilidade para dentro da Amazônia e citou o trabalho do grupo de pesquisa LBA (Experimento de Larga Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia, da sigla em inglês), um projeto de cooperação internacional com recursos da Nasa que busca entender como as mudanças no uso da terra e do clima afetarão o funcionamento biológico, físico e químico da região e do mundo.
Projeto Planeta Sustentável
Com o tema “Novas Ideias para o Futuro da Amazônia”, o seminário realizado pelo Projeto Planeta Sustentável, da Editora Abril, reuniu mais de cem pessoas, entre CEO’s de grandes instituições, membros da comunidade científica internacional, além de jornalistas e ambientalistas de peso, a bordo do navio Ibero Star, a fim de discutir o futuro da Amazônia a partir de estratégias conjuntas de desenvolvimento sustentável. O Projeto é financiado por seis instituições: Abril, CPFL Energia, Bunge, Petrobras, Grupo Camargo Corrêa e Caixa.
Segundo o gerente de Marketing e Comunicação do Planeta Sustentável, Caio Coimbra, comenta que a ideia do seminário era mesmo de “ocupar os biomas e discutir questões mais profundas em relação a cada um deles” e que a iniciativa, que foi pensada por mais de um ano, já deu seus primeiros frutos. “As instituições já estão saindo daqui com uma agenda programada em torno da sustentabilidade”.
(Por Felipe de Paula, A Crítica / Amazonia.org.br, 20/03/2012)