Atualizações nos dados do serviço britânico de meteorologia (Met Office) e da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia revelaram que 2010 foi o ano mais quente desde que os registros começaram, no início do século XIX.
De acordo com a nova análise, 1998, que era considerado anteriormente o ano mais quente, passou a ser o terceiro, atrás de 2010 e 2005. Com as novas informações, o registro do Met Office passa a ficar mais semelhante aos da NASA e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA.
Uma das razões para a mudança das leituras foi a inclusão de registros de temperatura do Ártico na base de dados HadCRUT. A região é uma das que está aquecendo mais rapidamente no planeta, mas suas observações não haviam sido incluídas nos estudos anteriores.
“A HadCRUT é sustentada por observações e já deixamos claro anteriormente que ela pode não estar capturando totalmente as mudanças no Ártico porque temos pouquíssimos dados da área”, comentou Phil Jones, diretor da Unidade de Pesquisa Climática.
“Na última versão incluímos observações de mais de 400 estações no Ártico, Rússia e Canadá. Isso levou a uma representação melhor do que está acontecendo nessa grande região geográfica”, continuou Jones.
Além dos dados mais determinantes sobre as temperaturas dos últimos anos, o novo estudo do Met Office também atualizou informações sobre medições mais antigas, como as da década de 1940, que apresentavam muitas imprecisões e mudanças bruscas.
“Um exemplo disso são as rápidas mudanças em formas de medição que vemos nos arquivos digitais da Segunda Guerra Mundial. Algumas observações da temperatura da superfície do mar foram tiradas de baldes transportados a bordo de navios e outras foram feitas nas casas de máquinas”, observou Peter Scott, diretor de Monitoramento e Atribuição Climática do Met Office.
“A pesquisa mostrou que as leituras dos baldes eram geralmente mais frias, então quando a base de dados muda de uma fonte para outra você vê saltos artificiais nos dados brutos. Quantificamos esses efeitos e os corrigimos para fornecer uma visão mais clara da evolução das temperaturas globais”, acrescentou Scott.
O Met Office enfatizou, no entanto, que embora as novas leituras mostrem variações em relação às informações anteriores, a tendência de observar um aumento nas temperaturas globais ainda continua.
“As atualizações resultaram em algumas mudanças individuais nos anos no registro de temperaturas médias globais, mas não mudaram o sinal geral de aquecimento de cerca de 0,75°C desde 1900”, concluiu Colin Morice, climatologista do Met Office.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, 21/03/2012)