Pelo segundo mês consecutivo, os preços de alimentos no mundo subiram, trazendo de volta temores com a inflação. Segundo dados divulgados ontem pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), parte do problema foi o aumento do preço do açúcar por conta das condições climáticas no Brasil, maior exportador mundial. Cereais também registraram altas.
A taxa ainda está 10% abaixo do pico, registrado em fevereiro de 2011 e alimentando até mesmo as revoltas da Primavera Árabe. No segundo semestre do ano, os preços voltaram a cair, diante da perspectiva de uma recessão na Europa.
A nova elevação vem com a previsão da FAO de que este ano a produção de trigo atingirá níveis próximos ao do recorde de 2011. No total serão produzidos 690 milhões de toneladas. O volume é apenas 1,4% abaixo do recorde de 2011, mas bem acima da média dos últimos cinco anos.
Mas isso não foi suficiente para frear os preços. Em fevereiro, a inflação nos alimentos no mundo foi de 1,0% em comparação ao ano passado. Em relação a janeiro, a alta foi de 2,4%.
Parte do motivo foi o frio registrado na Europa nas últimas semanas. Mas também as condições climáticas provocadas pelo La Niña no Cone Sul contribuíram. Isso repercutiu em alta de 2,4% nos preços em fevereiro, em comparação a janeiro.
A pressão inflacionária vem no momento em que países europeus e emergentes, como o Brasil, reduzem os juros para dar oxigênio para as economias. A alta também afeta os países mais pobres e distantes da crise. Em 2012, por conta dos preços elevados, os países pobres terão de gastar US$ 33,3 bilhões para conseguir abastecer a população.
(Por Jamil Chade, O Estado de S. Paulo / IHU On-Line, 09/03/2012)