Na madrugada do dia 08/03, centenas de trabalhadores da usina hidrelétrica de Garibaldi atearam fogo nos alojamentos do canteiro de obras em protesto às péssimas condições de trabalho e baixos salários. Desde a tarde de ontem eles paralisaram as atividades e ocuparam o canteiro.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) apoia as mobilizações dos trabalhadores para que tenham seus direitos trabalhistas respeitados.
“Assim como na construção da usina de Jirau, no rio Madeira, de Garibaldi, em Santa Catarina, e em tantas outras, as empresas violam o direito dos trabalhadores, os colocam em condições de trabalho desumanas e aceleram o ritmo de trabalho ao máximo para antecipar o início da geração de energia e o ganho de muito dinheiro. Não podemos aceitar estas condições e nos colocamos em total solidariedade aos trabalhadores”, afirma Denílson Ribeiro, coordenador do MAB na região.
Na próxima semana os atingidos por barragens estarão mobilizados na jornada nacional de lutas em diversos estados, entre eles Santa Catarina. “Certamente nos manifestaremos em favor dos trabalhadores do setor elétrico, que são explorados em todos os postos e não respeitados, desde os operários das obras, até os atingidos pela barragem”, conclui Denilson”.
A barragem é de propriedade da empresa Triunfo, sua construção deverá custar cerca de R$ 780 milhões e atinge os municípios de Adbon Batista (onde fica o canteiro de obras), Cerro Negro, Vargem, Campo Belo do Sul e São José do Cerrito, alagando 1.864 hectares de terra fértil e expulsando aproximadamente mil famílias. As empresas donas da barragem terão o direito de explorar a produção de energia pelo prazo de 30 anos.
A previsão de lucros da UHE Garibaldi é de 10 milhões de reais por ano – mesmo assim, a empresa construtora tem resistido a contemplar de forma digna os atingidos, esquecendo-se que tais posturas encontraram ferrenhas resistências em outras obras na bacia do rio Uruguai. Os conflitos em torno da UHE Barra Grande e da UHE Campos Novos, para mencionar apenas alguns exemplos, ainda estão frescos na lembrança do povo da região.
Em junho de 2011 os atingidos por barragens ocuparam a barragem para serem reassentados, direito que a empresa ainda continua negando. Naquela época os trabalhadores da usina apoiaram a mobilização. Eles diziam que as condições de trabalho eram precárias e que a empresa tem tradição em quebra de contrato e desrespeito às leis trabalhistas.
Maiores informações: (49) 8822-7856
(MAB, 08/03/2012)