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conservação da biodiversidade crise ecológica parcerias público-privadas
2012-03-09 | Rodrigo

Preservar a biodiversidade – a vasta variedade de vida animal e vegetal na Terra – será caro: uma estimativa de US$ 300 milhões por ano pelos próximos oito anos, segundo o novo secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU.

Mas o brasileiro Bráulio Ferreira de Souza Dias disse que não proteger a diversidade essencial do mundo natural poderia custar mais, criando repercussões globais de doenças, fome, pobreza e redução da adaptação às mudanças climáticas.

“A biodiversidade é a base de tudo que fazemos na agricultura, tudo o que fazemos na saúde”, afirmou Dias à Reuters.

“O desenvolvimento de novas vacinas e de novas variedades de plantas cultivadas é baseado na biodiversidade, nos recursos genéticos. Se perdermos biodiversidade, perdemos as opções para o desenvolvimento futuro nessas áreas.”

A destruição humana dos habitats naturais, o crescimento econômico desenfreado, a poluição e as mudanças climáticas estão entre as ameaças para a vida vegetal e animal, na terra e na água. Preservar a diversidade biológica é uma luta árdua, já que as necessidades da crescente população humana mundial – agora com cerca de sete bilhões – entram cada vez mais em conflito com a proteção da natureza.

Dias, nomeado ao cargo em janeiro, começa com uma posição de certeza: 192 nações já concordaram sobre o que precisa ser feito até 2020 para preservar a biodiversidade.

O trabalho dele é ajudá-las a descobrir como fazê-lo. Ele terá a chance de fazer isso quando os representantes globais se reunirem no Rio de Janeiro em junho, 20 anos depois que a primeira Cúpula da Terra estabeleceu um plano para a proteção ambiental mundial.

Neste ano, o encontro focará no desenvolvimento sustentável, um tema escolhido propositadamente para evitar as controvérsias das mudanças climáticas. É um tema importante para Dias, que anteriormente chefiou a biodiversidade no Ministério do Meio Ambiente brasileiro.

Dias ficou impressionado com alguns programas-piloto de biodiversidade lançados por companhias e governos no mundo todo, mas acredita que esses esforços precisam ser expandidos rapidamente.

Papel do investidor privado
A estimativa do custo de US$ 300 bilhões por ano – que inclui a gestão sustentável da agricultura, florestas, água doce e ecossistemas costeiros e marinhos – é cerca de dez vezes a quantidade gasta agora pelos governos, indústria privada e organizações não-governamentais na proteção da biodiversidade.

Dias declarou que isso não significa que os governos arcarão com todo o custo. As Nações Unidas estão encorajando o investimento privado, como os esforços da firma de produtos de papel Stora Enso de buscar o corte de madeira sustentável.  A Costa Rica está usando os recursos dos combustíveis fósseis para fazer pagamentos por serviços ambientais a proprietários de terra.

As parcerias público-privadas podem absorver outros custos, disse ele. Ainda assim, os custos de preservação são poucos em comparação às estimativas de quanto custaria simplesmente para não fazer nada. Um estudo internacional apoiado pelas Nações Unidas estima que não tomar nenhuma iniciativa custaria entre US$ 2 trilhões e US$ 4,5 trilhões por ano.

Os esforços globais de biodiversidade partem do princípio de que todos os seres vivos – de bactérias intestinais a seres humanos a sequoias – têm um papel no ecossistema. Embora seja natural que algumas espécies desapareçam ao longo do tempo, novas ameaças ambientais podem acabar prematuramente com espécies inteiras.

Dias afirma que o impacto pode ser devastador. Se, por exemplo, a floresta tropical amazônica se transformar na savana amazônica, a diversidade biológica da qual as pessoas dependeram por séculos poderia ser ameaçada.

Para quase todo problema ambiental, Dias traça uma linha clara com a diversidade biológica.

Fome: “Se quisermos ser mais eficientes na luta contra a fome, precisamos valorizar o uso da biodiversidade local. Não resolveremos esse problema apenas com enormes estoques excedentes de colheitas levados de uma região para outra.”

Pobreza: “Se as comunidades pobres sobrevivem, é porque elas têm acesso à biodiversidade... Elas podem pegar um peixe, elas podem colher frutas das florestas. Elas não têm dinheiro, elas não têm um salário para comprar bens nos mercados, então é graças a esse acesso à natureza que elas sobrevivem.”

A biodiversidade também é vital para resistir às mudanças climáticas e sua perda poderia privar agricultores dos recursos genéticos que eles precisam para se adaptarem às condições climáticas futuras, afirmou Dias.

As mudanças climáticas têm estimulado a disseminação de enfermidades graves como a malária e a cólera, declarou Dias, e ambas as doenças estão relacionadas a distúrbios ambientais.

Ele espera que investidores vejam a biodiversidade como uma forma inteligente de investir seu dinheiro. “Precisamos de mais engajamento da parte de companhias privadas, do setor financeiro, dos fundos de pensão”, concluiu ele.

(Por Deborah Zabarenko, com tradução de Jéssica Lipinski, Reuters* / Instituto CarbonoBrasil, 08/03/2012)

* Leia o original (inglês).


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