Segundo nova pesquisa das Universidades de Princeton e Washington, muito do ozônio, lançado na Ásia acaba chegando aos Estados Unidos e é responsável por cerca de 20% da poluição atmosférica local
Já pensou como deve ser morar em uma cidade com poucas fábricas poluidoras, mas ainda sim sofrer com emissões intoxicantes? Pois é isso que ocorre com muitas cidades por todo o mundo, que sofrem com a poluição produzida a muitos quilômetros de distância. E um novo estudo mostra que com o aumento da produção industrial da China, sua crescente poluição está afetando cada vez mais as cidades do oeste dos Estados Unidos.
Esse fenômeno de deslocamento do ozônio, principal componente da ‘smog’ (termo resultante da junção das palavras da língua inglesa "smoke" (fumaça) e "fog" (nevoeiro) ), já é documentado pelos cientistas há cerca de 20 anos no Oceano Pacífico, mas a nova pesquisa das Universidades de Princeton e Washington oferece dados mais específicos sobre o efeito.
A análise, que foi realizada através da utilização de modelos químicos, conseguiu distinguir a poluição gerada nas cidades norte-americanas dos poluentes chineses, o que permitiu aos estudiosos descobrir que, embora a maioria das emissões atmosféricas locais se origine nos EUA, cerca de 20% vêm da China.
“Mostramos que as emissões asiáticas contribuem diretamente para a poluição troposférica nos Estados Unidos”, observou Meiyun Lin, cientista de química atmosférica da Universidade de Princeton.
E embora os atuais Padrões Nacionais de Qualidade Ambiental do Ar fixados pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) não permitam que a poluição de ozônio exceda 75 partes por milhão na atmosfera, os pesquisadores descobriram que nos dias em que os níveis de ozônio estavam mais altos do que o máximo permitido, foram as emissões asiáticas que elevaram os índices em mais de 50% das vezes.
A pesquisa revelou também que as emissões troposféricas nos EUA são maiores do que o estimado, já que a expansão industrial contribui com um aumento de 0,8% a 1% ao ano na poluição de ozônio dos EUA. “Isso não é uma quantidade trivial”, alertou Daniel Jeff, químico da Universidade de Washington.
A situação mostra-se ainda mais grave se for levado em consideração que, embora as emissões de ozônio em algumas regiões, como a Europa, estejam diminuindo, elas também estão aumentando, e rapidamente, em outros locais, como os países emergentes.
Para os cientistas, a descoberta poderá ser útil para incentivar a criação de padrões de emissões internacionais e o desenvolvimento de regulamentações regionais mais rígidas.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, 07/03/2012)