A equipe da Reserva Biológica (Rebio) Marinha do Arvoredo, em conjunto com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Projeto Coral Sol, realizaram nos dias 16 e 17 de fevereiro, operação para o manejo do coral-sol (Tubastraea coccinea), espécie exótica e invasora recentemente encontrada no entorno da unidade de conservação (UC) localizada no litoral de Santa Catarina. A ação teve como objetivo investigar a extensão e as características das colônias no local encontrado, e, se possível, proceder com a remoção.
É a primeira vez que o coral-sol é observado em costão rochoso no sul do Brasil. A espécie foi encontrada no início de janeiro, no costão oeste da Ilha do Arvoredo durante uma operação de mergulho recreativo organizada pela Bertuol Escola de Mergulho, em Bombinhas.
A identificação da espécie foi confirmada na UFSC pelo Dr. Alberto Lindner e sua aluna de mestrado Kátia Capel, membros da equipe do projeto Biodiversidade Marinha de Santa Catarina.
O Protocolo DAFOR que já vem sendo utilizado pela equipe do Projeto Coral Sol, foi realizado em todo costão oeste da Ilha do Arvoredo, para identificação e quantificação dos organismos.
Os resultados mostraram que a colonização pela espécie invasora estava ocorrendo em dois locais próximos, em porções negativas de pedras, em torno de 3m de profundidade, sendo enquadrada nas categorias frequente e ocasional. Todos os organismos encontrados foram removidos com auxílio de espátula e marreta, ensacados e imediatamente levados para superfície.
Para tentar evitar o estabelecimento da espécie na área da UC e seu entorno, um projeto de monitoramento está em fase de elaboração. O projeto vai contar com o apoio do Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul (CEPSUL), que disponibilizará a embarcação NPq Soloncy Moura, viabilizando um tempo maior de permanência da equipe no mar.
A espécie
Originário da região do oceano Indo-Pacífico, o coral-sol Tubastraea coccinea foi observado na década de 50, no Caribe. Na década de 80 chegou a plataformas de petróleo na Bacia de Campos, na costa norte do estado do Rio de Janeiro. Atualmente cobre grandes extensões de costão na Ilha Grande (RJ) e da Ilhabela (SP).
A espécie é considerada exótica e invasora, pois onde se fixa domina o ambiente. Sua presença pode interferir na dinâmica do bentos, impactando populações de organismos que vivem no substrato marinho, como esponjas e algas e, principalmente, competindo diretamente com corais nativos, como é o caso do coral-cérebro (Mussimilia hispida), no Rio de Janeiro. Em casos extremos pode também interferir na macrofauna e gerar impactos na cadeia alimentar de alguns peixes.
Sobre o Protocolo DAFOR
O Protocolo DAFOR consiste na aplicação da escala DAFOR (Dominante, Abundante, Frequente, Ocasional e Raro), para cada espécie de Tubastraea, em cinco mergulhos de apnéia de um minuto cada, paralelo ao costão.
São consideradas:
- Dominante: Populações de coral-sol extremamente evidentes. Formação de numerosas manchas, em pelo menos uma faixa de profundidade, compostas exclusivamente de coral-sol, chegando a ocupar áreas de ≥1m2;
- Abundante: Freqüentes agrupamentos de coral-sol ocupando exclusivamente o substrato em manchas de 50-100 cm;
- Frequente: Colônias encontradas constantemente durante o mergulho, isoladamente ou em pequenos agrupamentos, com ocasionais agrupamentos de até 10-50 cm de diâmetro;
- Ocasional: Menos que 10 indivíduos ou pequenos grupos e mais que 5 indivíduos encontrados em 1 minuto;
- Raro: Entre 1 e 5 indivíduos encontrados durante o mergulho de 1 minuto;
- Ausente: A espécie não foi vista durante o mergulho de 1 minuto de duração.
(Ascom ICMBio, 29/02/2012)