Após as quedas consecutivas nos últimos anos, os Estados Unidos e a União Europeia voltaram a registrar um aumento em suas emissões de gases do efeito estufa (GEEs). Pelo menos é o que indicam dados da Agência de Proteção Ambiental (EPA) norte-americana e de analistas europeus do mercado de carbono entrevistados pela Reuters.
De acordo com as informações da EPA, publicadas nesta segunda-feira (27), as emissões dos EUA subiram 3,3% para 6.866 bilhões de toneladas de CO2e entre 2009 e 2010. Segundo a agência, entre os fatores que contribuíram para a elevação das emissões estão o maior consumo de energia e o tempo mais quente, que estimulou o uso de ar condicionado.
“Essa tendência é atribuída a um aumento no consumo de energia em todos os setores da economia, devido à crescente demanda de energia associada a uma expansão na economia. Também houve um aumento no uso de ar condicionado devido ao verão mais quente durante 2010”, explica o inventário.
Entre 1990 e 2010, as emissões norte-americanas subiram 10%. No entanto, o presidente Barack Obama prometeu que o país deve reduzir a liberação de carbono em 17% até 2020 em relação aos níveis de 2005, o que não será tarefa fácil devido à oposição do Congresso em aprovar leis que restrinjam as emissões e estimulem a implementação de energias renováveis.
O relatório da EPA ficará disponível por um período de 30 dias para comentários públicos, e a versão final deve ser lançada no segundo trimestre deste ano.
Já os dados dos analistas europeus referentes às emissões do bloco em 2011 se baseiam nos cálculos do total de carbono liberado em 2010, que subiu 3,2% em relação a 2009. Para a maioria dos especialistas, as estimativas para o último ano apontam para um aumento de até 2,4% nas emissões.
“O número que temos agora mostra um aumento anual de 2% com 1,98 bilhões de toneladas de CO2 no último ano – um crescimento que superou a desaceleração na produção industrial registrada na segunda metade do último ano”, comentou Matteo Mazzoni, da Nomisma Energia.
“Esperamos um pequeno aumento de 1,6% devido à redução da produção industrial no quarto trimestre do último ano, ao clima mais ameno e ao investimento pesado em renováveis”, opinou Trevor Sikorski, diretor de pesquisa em carbono do Barclays Capital.
Mas nem todos os analistas concordam que haverá um aumento nas emissões. Alguns, como Ingo Tschach, diretor de gestão da Tschach Solutions, acreditam que a liberação de carbono permaneceu estável no último ano, ou até mesmo que teve uma leve queda de 0,15%, já que alguns países passaram a investir nas energias renováveis e outros na nuclear.
“A [energia] solar explodiu em termos de desenvolvimento de capacidade, enquanto mais [energia] eólica offshore também entrou em rede. Você tem que lembrar que ainda temos preços de carvão relativamente altos a mais de US$ 100, o que deu incentivos à indústria para investir em eficiência energética”, observou Tschach.
Atualmente, a UE tem como objetivo reduzir suas emissões em 20% até 2020 com relação aos níveis de 1990. No entanto, como já no último ano o bloco alcançou uma diminuição de 17% nas emissões, alguns países defendem que a meta deve ser aumentada para 25%, ou até mesmo para 30%.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, 28/02/2012)