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proantar antártida / antártica política científica do brasil
2012-02-29 | Rodrigo

Segundo a vice-presidente da Frente Parlamentar de Apoio ao Programa Antártico, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), é hora do Brasil tratar com seriedade a importância estatrégica e científica da Antártida. No último sábado 25, um incêndio destruiu 70%  da base brasileira Comandante Ferraz e matou dois oficiais do exército no continente.

“As pesquisas realizadas na Antártida influenciam diretamente o cotidiano do brasileiro e possuem um valor estratégico, mas infelizmente são desconhecidas e desvalorizadas”, avalia Moraes. “Neste momento, não se trata mais de vontade política, mas sim de responsabilidade estratégica prosseguir com as pesquisas.”

Ter uma base científica e militar na Antártida é uma conquista estratégica para o País, defende Maria Vigínia Petry, professora da Unisinos que possui linhas de pesquisa na base brasileira Comandante Ferraz.

“O que acontece na Antártida influencia diretamente o Brasil. Os ventos e as nuvens que atingem nosso País se originam da Antártida. As explicações para as secas ou inundações que o Brasil enfrenta podem estar lá”, afirma. “Além disso, é importante para o Brasil poder opinar sobre o continente que possui a maior reserva de água doce do planeta”.

Recursos
Apesar da importância geopolítica da base Comandante Ferraz, os recursos para sua manutenção são cada vez mais escassos. De acordo com a deputada Jô Moraes, em 2011 foram destinados 16,5 milhões de reais para investimento em infraestrutura da Missão Antártida. Porém, em 2012, os valores caíram para 9,78 milhões de reais. Uma significativa queda de 41%.

“O orçamento não permite que a estrutura física e de logística da base ofereçam sustentação às pesquisas. O programa se desenvolve em situações difíceis”, argumenta a parlamentar.

Em mais um ano de contenção fiscal, o governo reduziu os recursos previstos no Orçamento da União para a Missão Antártida. De 2011 a 2012, os investimentos caíram em 75,1 milhões de reais, previstos no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), para 19,9 milhões de reais, descritos no programa temático Mar, Zona Costeira e Antártida.

Segundo a deputada, estima-se que sejam necessários 20 milhões de reais para a retirada dos escombros e início da reconstrução da base Comandante Ferraz. Está incluso neste valor a retirada da embarcação brasileira que naufragou na Antártida, em dezembro de 2011, com 10 mil litros de óleo combustível. “São medidas emergenciais e estamos confiantes em ter a liberação desta verba o quanto antes”, afirma.

Apesar das críticas, a deputada não considera a queda dos investimentos em infraestrura como fator responsável para o surgimento do incêndio. “O incêndio foi uma fatalidade e é cedo para saber o que o causou.”

Continuidade das pesquisas
As perdas científicas se concentram principalmente nos dados coletados no continente e que ainda não haviam sido analisados nos laboratórios brasileiros. “Perdemos os dados coletados de outubro a fevereiro que estavam armazenados na base, isso representa uma perda de 30% para o projeto”, afirma Petry, a professora da Unisinos.

Enquanto a base brasileira não for reconstruída, as pesquisas prosseguirão nos outros acampamentos brasileiros e no barco de pesquisa Almirante Maximiano — que possui cinco laboratórios e hangar para dois helicópteros –, de acordo com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp.

Para Petry, a estrutura dos acapamentos brasileiros e do barco Almirante Maximiano é suficiente para manter as linhas de pesquisa. “Acredito que todo os grupos possam continuar com suas pesquisa, mas creio que certamente haverá uma redução no número de pesquisadores na Antártida por uma questão de infraestrutura.”

Contudo, na segunda-feira 27, o ministro Raupp afirmou que serão destinados recursos extras para a reconstrução da base, estimada entre um e dois anos, e que a verba para o Proantar — a menor desde 2006 — será mantida.

Atualmente, o Proantar desenvolve linhas de pesquisas relacionadas aos fenômenos atmosféricos, às mudanças climáticas, à biologia marinha e às pesquisas tecnológicas de ponta multidisciplinares.

(Por Marcelo Pellegrini, CartaCapital, 28/02/2012)


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