Em 2011, o programa brasileiro na Antártica gastou R$ 9,2 milhões. É o menor valor desde 2005. Nesse mesmo período, triplicaram os gastos com festas bancadas pelo caixa do governo. Entre os países que integram os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil é o que menos investe na Antártica, apesar de ser o mais afetado pelas mudanças climáticas que ocorrem no continente.
Na Antártica, a China investe, em pesquisas científicas, dez vezes mais que o Brasil. Por que será? Simples: porque pesquisa é informação. E informação é poder.
Em janeiro, o pesquisador brasileiro Jefferson Simões, líder da Expedição Criosfera – um módulo de estudos no interior da Antártica – disse que finalmente o Brasil começava a olhar para o continente gelado. Segundo ele, o país teria que recuperar 30 anos de atraso na região, tempo que ficou por lá sem fazer muita coisa.
Isso foi antes do incêndio, que certamente jogou um enorme cubo de gelo nas pretensões dos pesquisadores.
O Brasil tem o sétimo PIB do planeta, a frente da Itália, do Canadá, da Rússia, do México, da Austrália. Enfim, é uma potência econômica. Pergunte para um estudioso brasileiro: nosso investimento em pesquisa, ciência e tecnologia, é condizente com nosso status econômico?
A resposta será não, em quase 100% dos casos. Faça a mesma pergunta na China ou na Alemanha.
Baladas
Em 2011, o governo investiu R$ 9 milhões em pesquisas científicas na Antártica. Nesse mesmo ano, gastou R$ 54 milhões com a rubrica “festividades”.
Festas, homenagens e rega bofes bancados pelo governo. A comparação dá uma ideia de quão importante é a pesquisa científica na Antártica.
Até dá pra entender. Se o dinheiro da balada fosse cortado, não seria a base científica que arderia em chamas. Seria o circo a pegar fogo, o que é muito mais grave. O que prova isso é que o orçamento da balada não para de crescer. Mais do que triplicou em cinco anos. Dá uma olhada na tabela abaixo, produzida pelo Contas Abertas.
Gastos com festividades e homenagens – 2007 a 2011
Ano Total Pago
2007 R$ 17,3 milhões
2008 R$ 24,2 milhões
2009 R$ 31,8 milhões
2010 R$ 45,3 milhões
2011 R$ 54,2 milhões
Plano negligente
O Jornal Nacional apresentou uma reportagem mostrando que desde 2005 os equipamentos contra incêndios da base apresentavam problemas. Na época, o governo disse que tinha “um plano” para resolver os problemas ligados a riscos de incêndio.
(Por Marques Casara, 27/02/2012)