Índios acreditam que explosão foi ato criminoso e reivindicam investigação da Polícia Federal
Nesta terça-feira, 14 de fevereiro, o Ministério Público Federal cobrou uma atuação imediata da Funai para que coordene e articule o comparecimento de uma equipe, juntamente com o grupo tático da Polícia Federal, para apurar a situação de conflito na aldeia Kapotnhinore, em Mato Grosso, e intermediar uma solução pacífica.
Após a explosão de uma camionete da Funai que era usada pelos índios, há sete dias, cerca de 160 kayapós da Terra Indígena Capoto/Jarina deslocaram-se para a aldeia Kapotnhinore e o clima ficou tenso. De acordo com informações apuradas até o momento, os índios mantém desde ontem, 13 de fevereiro, um funcionário da Funai retido na aldeia.
Vale destacar que os índios reivindicam a presença da Polícia Federal para denunciar a prática de crimes ambientais, dentro eles desmatamento ilegal e pesca predatória, na área tradicional de ocupação e uso do povo kayapó. Além disso, os índios querem apuração da explosão da camionete, que eles denunciam ter sido um ato criminoso.
Desde sábado, ao serem informadas da situação na aldeia, as procuradoras da República Marcia Brandão Zollinger e Vanessa Ribeiro Scarmagnani articulam a presença da Funai e da PF no local. O MPF já solicitou informações ao coordenador regional substituto da Funai em Colíder, Sebastião Martins.
E, nesta terça-feira, por meio de ofícios e contatos por telefone, as procuradoras solicitaram ao presidente da Funai, Márcio Meira, e ao diretor de promoção ao desenvolvimento sustentável da Funai, Aloysio Guapindaia, que atuem imediatamente no caso.
Demarcação de terra indígena
A aldeia Kapotnhinore, onde aconteceu o incidente, está localizada em uma área reivindicada pelos kayapós como terra indígena. Em 2011, o Ministério Público Federal instaurou um inquérito civil para fiscalizar o processo de demarcação e a regularização fundiária da terra indígena Kapotnhinore.
A aldeia onde os índios estão mobilizados fica localizada em uma região de difícil acesso, nas proximidades dos municípios de Santa Cruz do Xingu e Vila Rica, extremo norte de Mato Grosso, divisa com o Pará.
(Ascom MPF, 14/2/2012)