Segundo pesquisa oficial, de 2002 a 2009, houve queda na destruição de Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. Devastação da Mata Atlântica no Rio chega a zero. Ocupação desordenada ameaça coração do Pantanal. No Pampa, arroz e eucalipto tomam espaço nativo. Ministra do Meio Ambiente admite que controle precisa melhorar para ajudar a entender desmatamentos
O Brasil conseguiu reduzir o ritmo de desmatamento de Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, especialmente na primeira. Estudo sobre a supressão, entre 2002 e 2009, de vegetação nos três biomas mostra que, em alguns casos, como no da região de Mata Atlântica, o percentual caiu pela metade e, no estado do Rio de Janeiro, chegou a zero.
Mas ainda há motivo de preocupação com o que ocorre no Pantanal, onde a ocupação desordenada, que antes pressionava só o entorno, passou a ameaçar o coração da área, um patrimônio ambiental da humanidade. E no Pampa gaúcho, por causa, sobretudo, do avanço da plantação de arroz e do reflorestamento de eucalipto voltado às indústrias de celulose que se implantaram no Brasil e, em maior número, no Uruguai.
“Há uma redução da dinâmica e da magnitude do desmatamento no Brasil. Agora, temos que aperfeiçoar nossos mecanismos de monitoramento para saber por que o fenômeno ainda ocorre e quais são os vetores de pressão que o justificam”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao divulgar a pesquisa nesta quinta-feira (9).
Segundo ela, apesar da melhoria na precisão, estes estudos ainda não são suficientes para diagnosticar a real situação da ocupação do solo das áreas pesquisadas. E também não apontam se os desmatamentos ocorridos foram autorizados ou não.
O levantamento foi feito com base em mapas gerados por um satélite de alta precisão chamado Landsat, que capta áreas desmatadas superiores a três hectares o equivalente a três campos de futebol).
Na Mata Atlântica, a área total desmatada, que era de 75,62% em 2002, chegou a 75,90% em 2009. A taxa de supressão, que de 2002 a 2008 foi de 0,04%, caiu para 0,02% entre 2008 e 2009, e está concentrada em dois estados, Minas Gerais e Bahia. “Estamos muito próximos da meta de desmatamento zero da área”, comemorou a ministra.
No Pampa, a taxa de supressão, que era de 1,2% de 2002 a 2008, caiu para 0,18% entre 2008 e 2009. Hoje, estão desmatados 54%, dos 177.767 quilômetros quadrados do bioma
No Pantanal, a devastação acumulada atinge 15%, dos 23.160 quilômetros quadrados do bioma. A taxa de supressão de vegetação, que era de 2,83% de 2002 a 2008, caiu para 0,12% entre 2008 e 2009. O problema é que saiu do entorno e começa a atingir principalmente os municípios de Corumbá (MS) e Cáceres (MT), no centro do bioma.
Panorama global
Os dados captados pela pesquisa se somam a estudos anteriores do ministério sobre os biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga, para traçar um panorama mais completo a respeito do desmatamento geral das matas brasileiras.
O mapeamento mostra que o campeão de devastação é o Cerrado. Nele, a área devastada (7.637 Km2) é maior até mesmo do que a da Amazônia (7.464 Km2). Em percentuais, o ritmo de supressão de vegetação do Cerrado registra 0,37%, contra 0,23% da Caatinga, 0,18% do pampa, 0,17% da Amazônia, 0,12% do Pantanal e 0,02% da Mata Atlântica.
No geral, contudo, o desmatamento da vegetação nativa brasileira vem caindo. Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do ministério, Braulio Ferreira de Souza Dias, são vários os fatores que explicam essa redução.
Entre eles, avanços em pesquisas de universidades e centros de excelência em parceria com a Embrapa que proporcionaram ganhos de produtividade na pecuária e que não implicam, necessariamente, aumento de área explorada. E melhoria da tecnologia disponível para monitorar a destruição também ajuda.
“Os avanços na fiscalização, também, contribuíram muito. Hoje temos mais tecnologia para trabalhar. Com mais informações de monitoramento, podemos empreender ações mais eficientes”, afirmou Dias.
(Por Najla Passos, CartaMaior, 09/02/2012)