País ganha status de mercado maduro; ritmo de crescimento pode cair. Área com sementes geneticamente modificadas cresce 20% em 2011; expansão mundial foi de 8%
O Brasil liderou, pelo terceiro ano consecutivo, o crescimento no cultivo mundial de transgênicos, com uma expansão de 20% na área plantada em 2011.
Foram cultivados 30,3 milhões de hectares com sementes modificadas de soja, milho e algodão no país, no ano passado, segundo dados da Isaaa (organização internacional que estuda a biotecnologia na agricultura).
Após registrar crescimento de dois dígitos em área por pelo menos quatro anos, o Brasil ganhou status de mercado maduro. Isso indica que significativas expansões como as verificadas nos últimos anos podem se tornar mais difíceis de ocorrer.
"Os crescimentos expressivos estarão mais relacionados à demanda como um todo do que ao avanço da biotecnologia, que chega a um grau de maturidade", afirma Anderson Galvão, representante da Isaaa no Brasil.
Os EUA, por exemplo, líderes no cultivo mundial de transgênicos, registraram crescimento de apenas 3% em 2011. Os americanos têm área plantada de 69 milhões de hectares. O cultivo mundial em 2010 avançou 8%, para 160 milhões de hectares.
Mas, como o Brasil é uma das poucas nações com área livre para a agricultura e o principal candidato a abastecer a China, o presidente da Isaaa, Clive James, diz que ainda há espaço para crescer. "O alvo deve ser aumentar a produtividade para exportar para a China", afirma.
Rápida aprovação
Segundo James, a "maturidade" do mercado brasileiro também se deve ao modelo de aprovação de novas sementes transgênicas.
O tempo médio de aprovação de novas variedades caiu de 40 meses, em 2006, para 18 meses atualmente. Em 2011, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) aprovou seis novas sementes transgênicas, incluindo a de feijão.
"O crescimento do Brasil só é possível graças ao modelo desenvolvido no país de rápida aprovação das sementes e pela capacidade de desenvolver as suas próprias tecnologias", disse James.
O modelo, porém, é alvo de ambientalistas e recebeu recentemente críticas do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), órgão que assessora a Presidência da República.
(Por Tatiana Freitas, Folha de S. Paulo, 08/02/2012)