Nos primeiros dias do vazamento de petróleo da Chevron, em novembro do ano passado, total chegou a 163 km². Cetesb rejeitou em 2011 plano de emergência apresentado pela Petrobras; estatal não comenta a análise
Técnicos da Marinha avistaram, em sobrevoo ontem, "manchas dispersas" na região do vazamento do poço da Petrobras no pré-sal da bacia de Santos. Formadas por fina de camada de óleo, ocupavam, juntas, 70 km².
A Petrobras disse que foram identificados "vestígios dispersos de óleo", sem determinar a extensão da área, no campo de Carioca Nordeste. Segundo a empresa, o vazamento foi de 160 barris.
A estatal fazia um teste de produção quando detectou o derramamento a cerca de 300 km do litoral de São Paulo. Em seus primeiros dias, a mancha de óleo do vazamento da Chevron, em novembro passado, chegou a 163 km², mas depois se dissipou.
Segundo a Marinha e a ANP (Agência Nacional do Petróleo), as manchas na bacia de Santos se deslocam na direção sudeste e é pequena a "possibilidade de o óleo alcançar o continente".
Três navios da Petrobras fazem a contenção e a dispersão das manchas, com o lançamento de jatos d'água. Ontem, a Capitania dos Portos do Rio instaurou inquérito administrativo e a ANP, processo administrativo. O Ministério Público Federal em São José dos Campos abriu inquérito.
Parecer
A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) rejeitou, em agosto, o plano de emergência apresentado pela Petrobras no processo de licenciamento do sistema de produção do polo pré-sal na bacia de Santos. A companhia disse que o licenciamento coube ao Ibama, por ser uma área da União.
O parecer tinha como objetivo subsidiar o órgão federal. Para a Cetesb, "vários itens de segurança" foram "atendidos apenas parcialmente". Citou "procedimentos para comunicação, controle, contenção, recolhimento do óleo derramado, monitoramento e dispersão das manchas, limpeza de áreas atingidas, coleta e disposição dos resíduos", além de medidas para proteger "áreas sensíveis".
A Petrobras não comentou ontem o parecer da Cetesb. Para Segen Estefen, diretor da Coppe/UFRJ, o país precisa de um "centro independente" para monitorar acidentes. Hoje, disse, o trabalho está a cargo só das empresas.
(Por Pedro Soares, Folha de S. Paulo, 02/02/2012)