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2012-02-01 | Rodrigo

Até a próxima sexta-feira, a Santo Antônia Energia (SAE), concessionária responsável pela construção da usina hidrelétrica (UHE) Santo Antônio, deve apresentar um novo estudo sobre o impacto da abertura das comportas da UHE nos desbarrancamentos recentes na margem direita do rio Madeira, que resultou na transferência de 52 famílias para hotéis de Porto Velho no último final de semana.

Segundo o tenente José Marco Betti, diretor de operações da Defesa Civil, o estudo ficou acertado com representantes da SAE, em reunião na última quinta-feira, onde foi estabelecido um prazo de oito dias para a entrega do relatório.

De acordo com o tenente-coronel Reinaldo Silva, coordenador Municipal da Defesa Civil, a vistoria realizada nas residências, em decorrência do desbarrancamento acelerado, serviu para avaliar quais as moradias estão em condições precárias e mandar o relatório ao Ministério Público do Estado. Com as informações, o MPE acionará um geólogo.

Citando a recorrência da situação em Porto Velho, o tenente Marco lembrou que há vários anos a cheia “leva um pedaço de terra”. Porém, o diretor afirma que, por conhecer o rio, ele observa que o comportamento está diferente. “O rio sempre levava, mas agora bate com muita força. A gente não sabe ainda se é por causa da abertura das comportas, mas o estudo vai dizer”.

O tenente visitou a área do bairro Triângulo na sexta-feira, junto a uma equipe da defesa civil e disse que, a olho nu, é possível perceber que as comportas estão direcionadas para a margem direita e que “o lado esquerdo está intacto”.

Em nota oficial, a Santo Antônio Energia afirma que os estudos sobre os eventuais impactos nas encostas do bairro Triângulo continuam sendo realizados por uma empresa especializada independente, contratada pela concessionária, conforme acordado com o corpo técnico do Ministério Público Estadual e da Defesa Civil de Rondônia.

Desbarrancamentos são recorrentes
Durante os últimos anos, o Diário registrou o histórico de desbarrancamentos em diversas áreas que margeiam o Madeira.  Em janeiro de 2009, os moradores do distrito ribeirinho de São Carlos, localizado a 70 quilômetros de Porto Velho, sofreram com desmoronamento de barrancos, a uma intensidade nunca antes vista até então.

Na época, o geólogo Rommel da Silva Sousa, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), afirmou que o que estava acontecendo fazia parte da dinâmica natural do rio e que o Estado, se tivesse a prática de realizar estudos geológicos, saberia que o processo era normal.

Evitar construir
Como solução ao problema, o geólogo disse que a única atitude a ser tomada na época, seria parar de construir obras para conter o avanço do rio e começar a construir escolas, postos de saúde, igrejas e casas mais afastados da margem, retirando a população da área afetada.

Procurado novamente pelo Diário, o geólogo preferiu não se posicionar a respeito dos acontecimentos no Triângulo, alegando que não foi ao local e não pode avaliar sem base técnica.

Nível da chuva se mantém
De acordo com o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a média de chuva neste mês foi até ontem de 299,8 milímetros. O número ainda está abaixo da média de janeiro de 2011, de 312,4 milímetros, mas com a chuva que ocorreu na tarde de ontem e a que o Sipam prevê para hoje a quantidade deve atingir o mesmo patamar.

Assistência às famílias do baixo Madeira
Com o objetivo de prestar atendimento socioassistencial às famílias de comunidades do Baixo Madeira atingidas pelas chuvas e, consequentemente, pela cheia do rio Madeira, a prefeitura de Porto Velho está atuando, em ação coordenada pela secretaria municipal de Assistência Social (Semas) em parceria com a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Conselhos Tutelares, Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), Departamento de Interior e secretarias de Saúde e Educação.

As equipes multidisciplinares partiram de barco, no último sábado. Denominada como Caravana da Cidadania, a ação, vinculada ao projeto Proteger, leva às comunidades e distritos serviços básicos que para os moradores destas regiões, muitas vezes, é de difícil acesso. São doadas cestas básicas, redes, cortinados e filtros de água durante o projeto. 

Também fazem parte das ações o recadastramento e atualização no Bolsa Família,no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e Beneficio de Proteção Continuada (BPC).

A viagem deve durar 10 dias e passará pelos distritos de São Carlos, Calama e Nazaré, assim como suas comunidades, São Miguel, Cujubim, Mutum, Bom Jardim, Ilha dos Mutuns, Cujubinzinho, Itacuã, Bom Cerazinho, Brasileira, Terra Caída, Guarani, Curicacas, Boa Hora, Tira Fogo, Pombal, Santa Catarina, Ilha de Iracema, Bom Fim, Laranjal, São José da Praia, Conceição da Galera, Papagaio, Ressaca, Ilha Nova, Firmeza, Terra Firme e Demarcação.

(Diário da Amazônia / MAB, 31/01/2012)


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