As florestas tropicais armazenam cerca de 229 bilhões de toneladas de carbono em sua vegetação – aproximadamente 20% a mais do que o estimado anteriormente –, descobriu uma nova avaliação de satélite publicada no jornal Nature Climate Change.
As descobertas podem ajudar a melhorar a precisão dos relatórios de redução de emissões de CO2 sob o programa de REDD proposto, que visa compensar os países tropicais por reduzir o desmatamento, a degradação florestal e a destruição de turfeiras.
O documento é baseado em uma combinação de sensoriamento remoto e dados de campo de florestas, bosques e savanas na África, Ásia e América do Sul tropicais. Os autores usaram dados multisensoriais de satélite, incluindo o LiDAR, para reduzir o grau de erro na estimativa de estoques de carbono.
Eles descobriram que as florestas brasileiras armazenam cerca de 53,2 bilhões de toneladas de carbono, seguidas das florestas da República Democrática do Congo, com 22 bilhões de toneladas de carbono, e as da Indonésia, com 18,6 bilhões de toneladas de carbono. Em geral, as florestas nas Américas armazenaram cerca de 51% do carbono capturado pela vegetação tropical. Em seguida, vieram as florestas da África (28%) e da Ásia (20%).
“Pela primeira vez somos capazes de obter estimativas precisas de densidades de carbono usando observações do satélite LiDAR em lugares que nunca tinham sido medidos”, diz o estudo, liderado pelo autor Alessandro Baccini do Centro de Pesquisa Woods Hole (WHRC). “Isso é como ter um inventário florestal pantropical consistente e muito denso.”
Os autores usaram os dados para estimar que as emissões de desmatamento líquido de 2000 a 2010 equivaleram a 1,14 bilhões de toneladas de carbono por ano, sugerindo que o desmatamento representou cerca de 13% das emissões de gases do efeito estufa de fontes industriais entre 2008 e 2010.
“O documento é importante por duas razões”, afirmou o coautor e cientista do WHRC Richard A. Houghton. “Primeiro, ele fornece um mapa de alta resolução da densidade da biomassa acima do solo para as florestas tropicais do mundo. Mapas anteriores eram de resolução muito mais grosseira e produziam estimativas diferentes tanto em totais regionais quanto em distribuição espacial. Segundo, o trabalho calcula uma nova estimativa de emissões de carbono de mudança do uso da terra nos trópicos.”
O coautor do estudo Scott Goetz, também cientista do WHRC, acrescentou que uma pesquisa dessa natureza poderia não ter sido feita sem avanços tecnológicos como o LiDAR.
“Unir o LiDAR e as medidas de campo é o que faz desse estudo e do nosso mapa tão únicos e poderosos”, disse ele em uma declaração. “Sem as medidas do satélite LiDAR, um estudo dessa natureza não teria sido possível. Precisamos que isso vá em frente.”
Os dados de intensidade de carbono estão disponíveis gratuitamente para download em www.whrc.org/mapping/pantropical/carbon_dataset.html. Os algoritmos de processamento de dados por satélite estão dipostos em Google Earth Engine.
(Mongabay* / Instituto CarbonoBrasil, com tradução de Jéssica Lipinski, 31/01/2012)
* Leia o original (inglês).