"Mundo das Mulheres" leva à Rio + 20 proposta de erradicação desta forma de energia no planeta
É da natureza das mulheres serem cuidadoras e no Japão são elas que lideram os movimentos pelo fim do uso da energia nuclear. São elas também que mantêm manifestações permanentes de denúncias contra o governo por não informar a população sobre as conseqüências do desastre de Fukushima.
A palestra da japonesa Yuko Tonohira, na tarde do dia 25 de janeiro, sobre o movimento pelo direito à informação das conseqüências do acidente, marcou o lançamento em Porto Alegre de uma organização feminista permanente no Fórum Social Mundial.
Auto intitulada Mundo das Mulheres, a ONG vai levar para a Rio + 20 propostas sustentáveis sob o olhar feminino. A primeira é a erradicação no mundo da geração de energia nuclear, exceto para fins medicinais. Após a tragédia, o país vem conseguindo atender suas demandas de energia com quatro das 54 usinas que operavam antes. A população mudou hábitos de consumo e defende o fim dessa forma de energia.
A ativista japonesa, juntamente com seu pai, o monge budista Yoshihiko Tonohira vieram à Porto Alegre a convite da Agapan - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - para palestras e oficinas durante o Fórum Social Temático. O objetivo é informar ao mundo sobre a real situação do pós-Fukushima, que não vem sendo noticiada pelos meios de comunicação de massa.
“O governo omite informações e manipula dados. A população se organiza para fazer suas próprias medições da radioatividade. Em Tóquio, já foram constatados níveis altíssimos. As mulheres, por serem as guardiãs da vida, têm sido a parcela mais incisiva da população a denunciar o problema e por isto mesmo vêm sendo taxadas de antipatriotas e exageradas”, declarou Yuko Tonohira.
“Talvez a vida no Planeta tenha conseguido chegar até hoje porque as mães exageram mesmo no zelo por seus filhos”, comentou uma das participantes do Mundo das Mulheres, denunciando mais uma forma de violência de gênero.
Os representantes da Agapan presentes à oficina, Celso Marques e Edi Fonseca, sugeriram ao grupo que a proposta de extinção da geração de energia nuclear seja disseminada e defendida por todos os movimentos feministas do mundo.
“A produção de energia nuclear dissimula sua verdadeira finalidade que é bélica. E ainda há a problemática do lixo nuclear que leva milhões de anos para ser descontaminado. Para atender as demandas, existem vários outros tipos de energias sustentáveis”, justificou Celso Marques.
Perguntado sobre como avalia o Japão ser o país do mundo mais atingido pela radioatividade – primeiro pelas bombas de Iroshima e Nagasaki e agora pelo acidente de Fukushima – o monge Yoshihiko Tonohira preferiu acessar a sabedoria budista:“a produção de energia nuclear é um produto da ignorância e das paixões humanas. O uso da energia nesta forma é incompatível com o exercício da compaixão por todos os seres”.
Uma resposta que vale para todas as religiões e para o mundo. Especialmente em 2012, proclamado pela ONU como o Ano Internacional da Energia Sustentável Para Todos.
(Por Vera Damian, EcoAgência, 26/01/2012)