Se os últimos anos foram marcados por um crescimento de práticas sustentáveis no setor corporativo, 2011 registrou uma freada no desenvolvimento verde empresarial. Pelo menos é o que indica o 5º relatório The State of Green Business 2011 (algo como A Situação dos Negócios Verdes 2011).
De acordo com o documento, ainda que esteja ocorrendo progresso em algumas áreas da sustentabilidade corporativa, pela primeira vez desde que o relatório é elaborado houve uma desaceleração, estagnação e até um retrocesso de incentivos verdes no setor empresarial.
Entre os indicadores nos quais houve estagnação ou retrocesso estão o de investimentos em inovações em tecnologias limpas, o de intensidade e eficiência energética, o de emissão de certificações LEED para construções, o de escritórios verdes, o de eficiência de embalagens, o de emissões tóxicas, o de substâncias tóxicas na fabricação, o de uso de papel e o de reciclagem.
“De quem é a culpa? Simplificando, os negócios sustentáveis estão sofrendo uma ressaca da recessão. As pessoas esperavam que os investimentos verdes e os esforços de sustentabilidade corporativa parassem com a recessão global de 2011”, comentou Joel Makower, diretor executivo do Greenbiz e principal autor do documento.
Além disso, o relatório sugere que crises financeiras nem sempre levam a menos impactos ambientais. Em alguns setores, como por exemplo o das usinas de energia elétrica, a produção, que leva às emissões de CO2, deve manter padrões mínimos de funcionamento que nem sempre acompanham a recessão da economia, o que faz com que a geração energética não acompanhe totalmente a redução da demanda.
Mas, para o grupo Greenbiz, ainda há boas notícias no ramo da sustentabilidade empresarial. Segundo o documento, as firmas continuam a dedicar tempo, dinheiro e pessoal para estabelecer e atingir metas ambientais. Nesse sentido, o indicador que teve maior aumento foi o do uso de energia limpa. Em relação aos diversos setores da sustentabilidade corporativa, o documento criou também uma lista com as dez tendências de crescimento para 2012, entre elas:
Consumo sustentável: as principais companhias estão promovendo um consumo inteligente, enquanto empresas em rede oferecem serviços em vez de produtos;
Green Gamification: companhias estão usando o poder dos jogos para premiar clientes e empregados e enfatizar práticas verdes;
Tecnologia limpa: prevê-se que investimentos em tecnologia limpa devam aumentar, apesar da falência de algumas grandes firmas em 2011;
Eficiência energética: projetos de eficiência energética de alto nível têm demonstrado grandes economias;
‘Grandes dados’: tsunamis de informação associados com uma ‘rede de coisas’ podem criar percepções e melhorar a eficiência tecnológica;
Cidades sustentáveis: cidades estão estabelecendo metas de sustentabilidade e investindo em infraestrutura e tecnologia verde;
Não ter notícias é uma boa notícia: a sustentabilidade se tornou menos noticiosa à medida que está se integrando ao cenário de negócios tradicionais.
“Embora alguns indicadores chave como investimentos em tecnologia limpa e eficiência energética estejam reduzidos ou em declínio pela primeira vez, estamos vendo que as companhias estão mais comprometidas do que nunca em fazer da sustentabilidade uma parte de seus negócios cotidianos”, observou Makower.
“[As firmas] estão integrando práticas verdes em todos os níveis da companhia e buscando a sustentabilidade para estimular a inovação, reduzir custos operacionais e em muitos casos possibilitar novas oportunidades de renda”, acrescentou o diretor executivo.
O relatório ainda apresenta as opiniões de diversos especialistas em negócios sustentáveis como Amory Lovins, no capítulo As duas Revoluções da Energia; Jigar Shah, em Os Custos Crescentes e Estoques de Carbono; Jonathan Koomey, em TIC e o Futuro da Computação de Baixa Energia; e Paul Simpsons, em O Que Vem Aí para o Reporte de Carbono.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto Carbono Brasil / Greenbiz / Mercado Ético, 19/01/2012)