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indústria alimentícia benzeno coca-cola
2012-01-16 | Mariano

A história surgiu há quase três anos. O blog Núcleo de Notícias reproduziu um estudo do instituto Pro-teste sobre a presença de substâncias nocivas à saúde nos refrigerantes tão amados pelos brasileiros.  Foi o maior banzé, e a polêmica gerou até a divulgação de um informe técnico da Anvisa. No fim, ficou o dito pelo não dito, e todo mundo esqueceu da história. Afinal, niguém quer deixar de tomar refrigerante.

Em Novembro passado o caso voltou, discretamente, pelo menos na grande mídia. A revista Veja, por exemplo, apenas reproduziu em seu site uma nota da Agência Brasil sobre um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado entre o Ministério Público Federal de Minas Gerais e os três maiores fabricantes de refrigerantes do país (Coca-cola, AmBev e Schincariol). No TAC as "empresas se comprometem a reduzir a quantidade de Benzeno nas bebidas cítricas e light". Mais, toda a investigação do MP foi baseada nas análises do instituto Proteste divulgadas pelo Núcleo de Notícias em Maio de 2009.

Como da vez anterior, a notícia passaria batido. O bloqueio organizado pela comunicação da indústria de bebidas, atrelada aos interesses publicitários da indústria da comunicação não deixou produzir uma única reportagem "investigativa" para falar do caso no horário nobre. Por sorte, no mundo das redes sociais ainda não existe censor, e cada um repercute aquilo que bem entende, pelo menos até "segunda ordem".

Pois a informação se espalhou como um vírus pelo Facebook durante os primeiros dias do ano, e levou milhares de pessoas de volta à denúncia original. Pelos quase 300 comentários dos últimos dias percebe-se ainda uma grande margem de incrédulos. E com base nas informações até agora divulgadas, milhões de famílias continuarão sem saber se o refrigerante que elas religiosamente tomam pode causar algum mal.

O problema é que não dispomos de nenhum órgão com poder para fazer frente aos interesses de corporações que giram bilhões anualmente. O informe da Anvisa de junho de 2009 cita os pareceres da FAO/OMS, as diretivas da UE, as normas da FDA e até uma resolução do Mercosul. Fala da existência de estudos sobre a ocorrência de câncer de bexiga em animais por conta do ciclamato, adoçante proíbido nos EUA. Mas esquece de referenciar estudos recentes e não menciona a questão com o Benzeno.

No final, admite sua impotência para banir substâncias que "constem da legislação". "A legislação brasileira que aprova o uso de aditivos alimentares é positiva e, como tal, estabelece que um aditivo somente pode ser utilizado pela indústria alimentícia quando estiver explicitamente definido em legislação específica, com as respectivas funções, limites máximos de uso e categorias de alimentos permitidas. O que não constar da legislação, não tem permissão para ser utilizado em alimentos," esclarece o informe.

A defesa das empresas vai na mesma linha. A página da Coca-cola sobre o assunto primeiro enfatiza que ela cumpre a lei: "Todos os ingredientes utilizados em nossos produtos são autorizados pelas leis brasileiras". Depois relativiza a presença de Benzeno, "detectado em recentes testes". "A própria legislação brasileira admite como segura para consumo a água de abastecimento público com níveis de benzeno de até 5 ppb (partes por bilhão). Banana (11 a 132 ppb), manteiga de amendoim (2 a 25 ppb) e abacate (3 a 30 ppb) podem conter benzeno em níveis superiores aos encontrados na água e outras bebidas", informa o site. Sobre a origem do Benzeno em bebidas engarrafadas nada.

Na nota da Agência Brasil, a explicação: "O benzeno, que pode desencadear doenças sanguíneas, é resultado da reação entre os ácidos benzóico e ascórbico. Este último é a vitamina C, que é adicionada nos refrigerantes cítricos. O benzeno se forma mais nos refrigerantes light e diet, uma vez que o açúcar inibe a formação da substância. A substância também está presente na fumaça do cigarro, no escapamento dos automóveis e em alguns produtos industriais como plástico, borracha e detergentes." Porém o próprio MP reconhece que "optou" pelo TAC para "dar aos fabricantes um solução rápida ao problema".

Interessante que só agora, 70 meses depois da denúncia, se queira resolver a questão rapidamente. Por que não refazer os testes? Ou por que não temos no Brasil estudos bio-toxicológicos em consumidores de refrigerantes? Ou, talvez mais importante que tudo, por que na sétima economia do mundo ainda carecemos tanto de informações importantes sobre aquilo que consumimos?

(Por Mariano Senna, Ambiente JÁ, 16/01/2012)


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