Objetivo é transferir população de mico-leão-da-cara-dourada para a Bahia. Espécie ameaça micos-leões-dourados que vivem em Niterói
Nos próximos meses, “caçadores” devem andar pelas ruas de Niterói para capturar exemplares de mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas), espécie ameaçada de extinção. O objetivo é transferir um grupo de 106 desses animais para o sul da Bahia.
A operação, inédita no Brasil, acontece porque esta espécie, trazida de forma irregular para o estado do Rio de Janeiro, ameaça o território de outro animal que também corre risco de desaparecer no país: o mico-leão-dourado (Leontopithecus Rosalia).
De acordo com Cecília Kierulff, bióloga e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o processo de captura dos primatas deve durar 18 meses. A remoção, segundo ela, é necessária devido ao risco de reprodução entre animais de espécies diferentes, que causaria o nascimento de exemplares híbridos e prejudicaria o aumento da população de primatas.
“Além disso, pode haver uma competição de território entre eles, podendo até ocorrer a expulsão de uma das espécies”, afirma.
O mico-leão-dourado é endêmico do litoral do Rio de Janeiro (ou seja, vive somente nessa região), com uma população de 1.600 animais (em 1960, eram apenas 300), segundo levantamento feito por biólogos.
Invasão
A especialista da Ufes afirma que a presença de espécimes de mico-leão-da-cara-dourada foi detectada há dez anos. Desde então, houve aumento da população na região.
“Ficamos sabendo que havia uma criação irregular. Quando o proprietário morreu, a família teria soltado os animais, que se espalharam pela região da Serra da Tiririca e do Parque Municipal Darcy Ribeiro”, diz Cecília.
Outro fator prejudicial é que estes micos invadem as casas e são alimentados pelas pessoas.
“Eles (macacos) podem ficar doentes e morrer rapidamente. Assim que os animais foram capturados, ficarão em quarentena”, afirma. “Os moradores não podem ficar bravos com o que vamos fazer, já que é para o bem dos primatas”, complementa.
Assim que os 106 animais forem capturados, serão encaminhados para uma reserva florestal de Belmonte, na Bahia. Lá, serão monitorados por seis meses, com o objetivo de analisar sua adaptação.
A operação é organizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro e apoiada pela Fundação Boticário.
(Por Eduardo Carvalho, G1, 28/12/2011)