Nova empresa, criada por ALL, Triunfo e Vetorial, cria logística para escoar a produção de ferro da região de MS. Plano integrado, de R$ 7,6 bi, facilitará o transporte; hoje, para exportar, é preciso levar carga até a Argentina
O elevado potencial de produção de minério de ferro de Corumbá, região que concentra as reservas de Mato Grosso do Sul, pode ser viabilizado com a Vetria, empresa recém-criada por ALL, Vetorial e Triunfo Participações.
Detentora de uma das maiores reservas de ferro do Brasil, Corumbá tem seu potencial pouco explorado por conta da falta de logística para escoar a produção.
Grandes mineradoras, como a Vale e a MMX, operam na região, mas, para exportar, precisam enfrentar um percurso de 2.500 quilômetros por uma hidrovia que atravessa o Paraguai e a Argentina, para embarque nos portos do país vizinho. O trajeto dura, em média, 25 dias.
O diferencial do projeto, anunciado na noite de segunda, é a integração de uma mina na região, com reserva estimada em 1 bilhão de toneladas e pertencente à Vetorial, com a ferrovia operada pela ALL e o terminal que será construído em área da Triunfo no porto de Santos.
Para entrar em operação, a partir de 2016, a empresa deve investir R$ 7,6 bilhões -e procura um sócio para bancar 30% desse valor.
Com a nova alternativa logística, a produção da mina, hoje em 700 mil toneladas por ano, subirá para 20 milhões de toneladas de minério de alta qualidade, podendo atingir até 27,5 milhões.
A ferrovia, que hoje transporta 3 milhões de toneladas por ano, terá capacidade para 35 milhões de toneladas. Do total, 27,5 milhões de toneladas serão de exclusividade da Vetria. Mas, caso ela não atinja a capacidade máxima, poderá transportar produtos de outras mineradoras.
A ALL, que ficará com o excedente, estará livre para prestar serviços a outras empresas. O transporte até Santos demorará quatro dias. "Essa alternativa logística vai gerar competitividade para a região", diz Alexandre Santoro, presidente da Vetria.
"Ter empresas de logística no setor pode viabilizar vários minérios que estão no interior e precisam de transporte", diz Elmer Prata Salomão, geólogo e ex-diretor do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
(Por Tatiana Freitas, Folha de S. Paulo, 21/12/2011)