A leitora Tatiana nos avisa e está lá nos portais a notícia, fresquinha: a Polícia Federal indiciou a Chevron, a Transocean (dona e operadora da sonda Sedco-706 e mais 17 pessoas pelo vazamento de óleo no poço do Campo de Frade.
O relatório da PF acusa a Chevron e seus dirigentes de terem negligenciado os riscos de altas pressões durante as perfurações.
Veremos, no desenrolar do processo, que isso foi feito por razões econômicas, deixando de aplicar as vedações constantes no próprio plano de perfuração apresentado aos órgãos públicos.
A Polícia Federal tem muito limitados recursos técnicos à sua disposição e concluiu a fase preliminar de seu procedimento investigatório.
A ANP dispõe de todos os dados mas irá esticar seu prazo de três meses até o último dia, praticamente. Embora saiba que não havia surpresa imponderável num poço que era o último dos 12 que a Chevron perfurava.
Não foi uma acidente, foi uma irresponsabilidade determinada por interesses econômicos, que eliminou etapas caras, mas indispensáveis, de precauções.
Além do mais, as informações foram omitidas – com o dócil consentimento da mídia – e só surgiram porque não vieram da ANP, mas do Palácio do Planalto, as ordens para investigar sem gaguejadas o acontecido.
Este blog, com seus meios limitados, não se furtou a fazer o que, infelizmente, nossa imprensa e órgãos fiscalizadores não fizeram: ir fundo no assunto e jogá-lo ao conhecimento público.
Porque ambos, petróleo e mar, são públicos.
E, mais do que ambos, a informação também é, numa democracia.
(Por Fernando Brito, Tijolaço, 21/12/2011)