Todos os dias, as emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis são eliminadas na atmosfera liberando milhões de toneladas de gases do efeito estufa (GEEs), que contribuem para as mudanças climáticas. Mas um novo estudo da Universidade de Washington Bothell indica que não é apenas com os GEEs que devemos nos preocupar. Segundo a pesquisa, as emissões dos combustíveis fósseis também liberam mercúrio, que pode ser depositado em qualquer lugar, contaminando ecossistemas e as cadeias de alimentos.
A análise, liderada pelo cientista Seth Lyman e publicada nesta segunda-feira (19) pela revista Nature Geoscience, revelou que o vapor de mercúrio lançado na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis é transformado em mercúrio oxidado na atmosfera superior, voltando à Terra através da chuva ou da neve.
Esse mercúrio oxidado é depositado no solo e na água, entrando em contato com bactérias, que por sua vez transformam o elemento em metil mercúrio, estado da substância que é mais facilmente absorvido pelos ecossistemas e pela cadeia de alimentos. “A atmosfera superior está agindo como um reator químico para tornar o mercúrio mais capaz de ser depositado nos ecossistemas”, explicou Lyman.
O problema é que além de ser mais facilmente absorvido pelo meio, esse mercúrio pode circular durante muito tempo na atmosfera antes de se depositar em algum lugar, o que torna ainda mais difícil saber onde o composto cairá.
“Muito do mercúrio emitido é depositado longe de suas fontes originais. O mercúrio emitido do outro lado do mundo pode ser depositado bem na nossa porta, dependendo de onde e como ele é transportado, quimicamente transformado e depositado”, comentou Lyman.
Os pesquisadores ainda não sabem exatamente como a oxidação do mercúrio acontece, mas afirmam que entender onde o elemento é oxidado e depositado ajudará a desenvolver alguma forma para monitorar o composto e prever os impactos das emissões de mercúrio nos ecossistemas e nas cadeias de alimentos.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, 21/12/2011)